Tão logo tomamos essa decisão, não tínhamos ideia do quanto as nossas vidas mudariam e, muito menos, que mudariam tão rápido. Enviamos nossos dados para a Vara da Infância e no dia seguinte já nos ligaram para passar as informações.
Estou dirigindo, toca o celular. Atendi, era a AS. Parei o carro de qualquer jeito e fiquei falando com ela sobre cada detalhezinho do processo, o que teríamos que fazer, o que teríamos que providenciar a partir daí... Ela falou: arrumem as malas e venham o quanto antes!
Hein?? Aí foi um corre-corre danado. A Cah começou a passar mal nesse dia e o estômago só aquietou ontem rs Passamos o resto da noite tentando achar passagem com bom preço para daí a 5 dias = IMPOSSÍVEL. Ao mesmo tempo, é inverno de lascar por aqui. Temos que comprar jaquetas, cobertores, calças compridas, sapatos, botas? Não fazíamos ideia do que comprar, então fomos ao mercado mais próximo ver preços de fraldas, chupetas, mamadeiras. Depois ao shopping comprar pijaminhas, sapatos, etc. Sabia o tamanho das roupas dela, mas não entendia como ela podia caber naquilo. Ficávamos em dúvida, tudo era lindo, tudo era tão novo. Decidimos comprar o básico e depois providenciar o restante com ela.
Um parênteses aqui para as duas alucinadas revirando um balaio de pantufas para encontrar o outro pé da abelhinha. Pagamos cofrinho, deitamos no chão, mergulhamos fundo... E gritamos UHUUU quando achamos.
E o quarto? Berço ou cama? Chamamos nosso personal marceneiro para dar um help, encomendamos armário e cama com proteção (assim usamos por mais tempo). Enquanto os móveis não ficavam prontos, ajeitamos o quartinho com o que tínhamos para que ela ficasse confortável. E o resultado foi muito legal: dois colchões forrados com uma colcha floral, algumas almofadas para decorar a caminha, bichinhos de pelúcia de todo o tipo, uma estante de briquedinhos, um baú, espelho, cortina e tapete felpudo. Deu vontade de dormir? Foi aprovado.
Esses 5 dias se passaram em meio a um turbilhão de sentimentos, pensamentos... Não sabíamos se devíamos avisar a família e os amigos "e se der errado?". Ao mesmo tempo, era impossível não falar sobre isso, era nosso único assunto. Às vezes batia medo de dar errado, às vezes nos achávamos malucas pela ideia de ter um filho assim tão rápido... As perguntas, os anseios, os sentimentos todos eram tão grandes que não cabiam mais dentro do peito.
Então explodimos. E saiu pra todo lado. Contamos para muita gente e deixamos as vibrações positivas nos ajudar a diminuir a ansiedade.
Seguimos tentando encontrar passagem até o último segundo. Como ela já tinha 2 anos, pagava passagem, então a volta era com ela. Mas não tínhamos certeza da data da volta, então teríamos que comprar na hora. Fora isso, os horários não batiam com o que queríamos, os preços subiam ao invés de descer... Foi quando, nos 45s do segundo tempo decidimos ir de carro. Ufa! Problema 1 resolvido! Agora teríamos que providenciar cadeirinha de transporte, DVD para a volta, GPS para as loucas perdidas, mais um dia de folga dos empregos.
Mas quando é para dar certo, a coisa funciona. Ganhamos a cadeirinha, encontramos GPS e DVD baratim baratim um dia antes da viagem, traçamos nosso plano ninja de viajar 11h sem descanso e, enfim, o grande dia chegou!
terça-feira, 31 de julho de 2012
segunda-feira, 30 de julho de 2012
A saga da adoção - Parte III
Enterrar a história de F. e S. não foi nada fácil, ainda mais porque dependeu de uma decisão - dessas que a gente nunca pensa que vai ter que tomar na vida.
Depois do susto que tomamos do advogado, que quis nos cobrar uma fortuna para fazer o pedido de adoção dos meninos, saí caçando todas as pessoas que conhecia na internet para tentar achar alguma solução. Falei com amigos, colegas, até meros conhecidos poderiam nos ajudar. Nesse desespero, falei com uma advogada que conheci no grupo de adoção pedindo um help.
Eu nem lembrava, mas ela era a pessoa que havia nos indicado a menina de dois anos. Bem como quem não quer nada, ela falou novamente sobre a bebezinha e naquele momento meus ouvidos ligaram diretamente para o coração. A situação a seguir foi cômica: eu e a advogada conversando no bate-papo do Face, enquanto a Cah esperava as informações no bate-papo do Gmail.
Falamos sobre tudo, sobre tudo relacionado a ela, sobre o medo de ter que fazer uma escolha desse tamanho. No fim da tarde conversamos muito, à noite choramos e conversamos mais. Enfim, decidimos pelo que nosso coração mandava: iríamos ficar com ela!
Não tenho palavras para descrever o que sentimos. Por um lado, os meninos não sabiam que nós os queríamos, por mais que eles tenham participado dos nossos sonhos, tomamos o cuidado de não envolvê-los em nada antes de qualquer definição da justiça. Assim, nosso coração foi se aquietando. Forcei não pensar neles para não doer, e ao mesmo tempo torcer muito para que alguém apareça para adotá-los junto com a irmã. Eles não merecem mofar no abrigo por conta de uma decisão fria do juiz.
Por outro lado, a ideia de que ao invés de dois meninos teríamos uma menina em casa, e toda bebezinha.... Ah isso aqueceu nossos corações! Parecia mais real, mais perto, ao alcance das mãos!!
E assim começou o que seria o próximo capítulo da saga. Prometo que vou voltar rapidinho para contar dessa vez rs
Depois do susto que tomamos do advogado, que quis nos cobrar uma fortuna para fazer o pedido de adoção dos meninos, saí caçando todas as pessoas que conhecia na internet para tentar achar alguma solução. Falei com amigos, colegas, até meros conhecidos poderiam nos ajudar. Nesse desespero, falei com uma advogada que conheci no grupo de adoção pedindo um help.
Eu nem lembrava, mas ela era a pessoa que havia nos indicado a menina de dois anos. Bem como quem não quer nada, ela falou novamente sobre a bebezinha e naquele momento meus ouvidos ligaram diretamente para o coração. A situação a seguir foi cômica: eu e a advogada conversando no bate-papo do Face, enquanto a Cah esperava as informações no bate-papo do Gmail.
Falamos sobre tudo, sobre tudo relacionado a ela, sobre o medo de ter que fazer uma escolha desse tamanho. No fim da tarde conversamos muito, à noite choramos e conversamos mais. Enfim, decidimos pelo que nosso coração mandava: iríamos ficar com ela!
Não tenho palavras para descrever o que sentimos. Por um lado, os meninos não sabiam que nós os queríamos, por mais que eles tenham participado dos nossos sonhos, tomamos o cuidado de não envolvê-los em nada antes de qualquer definição da justiça. Assim, nosso coração foi se aquietando. Forcei não pensar neles para não doer, e ao mesmo tempo torcer muito para que alguém apareça para adotá-los junto com a irmã. Eles não merecem mofar no abrigo por conta de uma decisão fria do juiz.
Por outro lado, a ideia de que ao invés de dois meninos teríamos uma menina em casa, e toda bebezinha.... Ah isso aqueceu nossos corações! Parecia mais real, mais perto, ao alcance das mãos!!
E assim começou o que seria o próximo capítulo da saga. Prometo que vou voltar rapidinho para contar dessa vez rs
sábado, 14 de julho de 2012
A saga da adoção - Parte II
Uma das mil coisas que aprendi nessa jornada é que para as coisas acontecerem, é preciso ter o coração e a mente abertos. A bebezinha ficou na minha cabeça por bastante tempo, mas meu coração aceitou que ela não seria nossa e partimos para outra.
Tão logo nos desconectamos dessa história, soube que haviam dois meninos disponíveis para adoção no interior de MG - o S. de 4 anos e o F. de 6. Estavam totalmente fora do nosso perfil do CNA (que é de até duas crianças de 0 a 4 anos), mas nos olhamos e sorrimos: decidimos que sim. Não foram os primeiros a aparecer, nesse meio tempo nos procuraram para falar de um menino de 4 anos, mas ele tinha um problema gravíssimo de saúde, não interagia, não andava, não comia sozinho, não falava. Tivemos que dizer não, e ele continua lá esperando alguém.... Outra vez nos ligaram falando sobre uma menina de 2 anos HIV+, mas a essa altura já estávamos decididas a adotar S. e F.
Entrei em contato com a AS da vara local, pareciam todos muito dispostos a ajudar. Logo obtive o telefone do abrigo onde eles estavam! Passamos a ligar diariamente, cada dia aprendendo um pouco mais sobre nossos meninos. Já sabíamos que S. era muito esperto, aprendia tudo rápido; e F. sabia ler e era inteligente, dedicado. Eram carinhosos, grudadinhos um no outro. Passavam o dia na creche e na escola, voltavam, comiam, tomavam banho e cama. Dia seguinte, escola tudo de novo. Essa era a vidinha dos meus pequenos, e eu ansiava em tirá-los logo de lá.
Tudo estava indo tão bem!! Já contamos para os amigos mais próximos, compartilhamos histórias dos dois, sonhamos com eles em nossas vidas, pesquisamos escolas, buscamos sinais que poderiam provar tudo isso, e encontramos vários. Piu bem sabe disso né? rs Ela, que sempre dizia que adotaríamos dois meninos, que o mais velho teria 6 e o mais novo se chamaria S. Outra amiga, a Célia, que há meses mantém a convicção de que adotaríamos em julho. LOU-CU-RA!!
Mas eles têm uma irmã mais velha, a R. de 12 anos. Por mais que a decisão inicial do juiz era de separá-la deles para facilitar a adoção, a história começou a mudar. A AS dizia que talvez não os separassem, que talvez eu devesse pensar em adotar a menina também.
Não. Isso está errado. Em semanas conseguimos nos sentir culpadas pela situação de 3 crianças que só estão lá até hoje por culpa de uma justiça burra, lenta e sem nenhum interesse no bem-estar da criança. A Cah começou a ficar com medo, eu também. Tivemos dificuldade em conseguir um advogado que não nos enfiasse a faca no estômago para fazer uma simples petição. O medo aumentou. E nossa tristeza também.
Nesse processo conhecemos a Camila, que está adotando uma menina nesta mesma comarca. A situação dela se arrasta há 3 meses e tem previsão de demorar mais. Camila sofre, e nós sofremos junto. Por ela e por nós, por essa muralha gigantesca que se chama justiça brasileira.
Mas toda história pede um final feliz, quem sabe nos próximos capítulos?
Tão logo nos desconectamos dessa história, soube que haviam dois meninos disponíveis para adoção no interior de MG - o S. de 4 anos e o F. de 6. Estavam totalmente fora do nosso perfil do CNA (que é de até duas crianças de 0 a 4 anos), mas nos olhamos e sorrimos: decidimos que sim. Não foram os primeiros a aparecer, nesse meio tempo nos procuraram para falar de um menino de 4 anos, mas ele tinha um problema gravíssimo de saúde, não interagia, não andava, não comia sozinho, não falava. Tivemos que dizer não, e ele continua lá esperando alguém.... Outra vez nos ligaram falando sobre uma menina de 2 anos HIV+, mas a essa altura já estávamos decididas a adotar S. e F.
Entrei em contato com a AS da vara local, pareciam todos muito dispostos a ajudar. Logo obtive o telefone do abrigo onde eles estavam! Passamos a ligar diariamente, cada dia aprendendo um pouco mais sobre nossos meninos. Já sabíamos que S. era muito esperto, aprendia tudo rápido; e F. sabia ler e era inteligente, dedicado. Eram carinhosos, grudadinhos um no outro. Passavam o dia na creche e na escola, voltavam, comiam, tomavam banho e cama. Dia seguinte, escola tudo de novo. Essa era a vidinha dos meus pequenos, e eu ansiava em tirá-los logo de lá.
Tudo estava indo tão bem!! Já contamos para os amigos mais próximos, compartilhamos histórias dos dois, sonhamos com eles em nossas vidas, pesquisamos escolas, buscamos sinais que poderiam provar tudo isso, e encontramos vários. Piu bem sabe disso né? rs Ela, que sempre dizia que adotaríamos dois meninos, que o mais velho teria 6 e o mais novo se chamaria S. Outra amiga, a Célia, que há meses mantém a convicção de que adotaríamos em julho. LOU-CU-RA!!
Mas eles têm uma irmã mais velha, a R. de 12 anos. Por mais que a decisão inicial do juiz era de separá-la deles para facilitar a adoção, a história começou a mudar. A AS dizia que talvez não os separassem, que talvez eu devesse pensar em adotar a menina também.
Não. Isso está errado. Em semanas conseguimos nos sentir culpadas pela situação de 3 crianças que só estão lá até hoje por culpa de uma justiça burra, lenta e sem nenhum interesse no bem-estar da criança. A Cah começou a ficar com medo, eu também. Tivemos dificuldade em conseguir um advogado que não nos enfiasse a faca no estômago para fazer uma simples petição. O medo aumentou. E nossa tristeza também.
Nesse processo conhecemos a Camila, que está adotando uma menina nesta mesma comarca. A situação dela se arrasta há 3 meses e tem previsão de demorar mais. Camila sofre, e nós sofremos junto. Por ela e por nós, por essa muralha gigantesca que se chama justiça brasileira.
Mas toda história pede um final feliz, quem sabe nos próximos capítulos?
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