Laura cresce absurdamente bem debaixo dos nossos olhos, e mesmo com o tempo consumindo nossos dias sem dó, temos o privilégio de poder acompanhar tantas dessas mudanças. Aqui faço um relato sobre o que significa ser Laura hoje, aos 3 anos e 9 meses de vida, simplesmente para que eu não me esqueça disso jamais:
- Ela anda fissurada em ballet, foi a primeira atividade que nos pediu para fazer e já está ansiosa para começar nesta semana.
- Em um prato de comida, o brócolis é devorado primeiro. Ou então qualquer coisa em formato de bolinho.
- Ela já aprendeu a conviver com o irmão sem ciúmes, mas adora tirar os brinquedos dele quando não estamos vendo (lembro tanto da minha irmã mais velha rs)
- Tem tiradas sensacionais, fico imaginando onde é que elas são produzidas.
- Adora falar sozinha, faz mil caras e bocas, sussurra, ri, briga, etc.
- Vibra com coisas como: perfume, batom, pulseira, relógio, bolsa, roupa nova, presentes, sapatos.
- Gosta de sopa com queijo e pão.
- Tem facilidade imensa com letras desde os 2 anos de idade.
- Não tem muita coordenação motora, acha super difícil coisas como: descer escada, pular corda, pular num pé só.
- Já entendeu que tem medo de piscina, mas enfrenta sorrindo.
- Brincadeira preferida: fazer comidinha.
- Atividades que mais gosta: ir ao teatro, ao shopping, dançar, ouvir música.
- É muito boazinha e disposta a cooperar, mas totalmente insubordinada.
- É debochada, tem um senso de humor muito inteligente e perspicaz.
- Não consegue cantar nenhuma música inteira, nem mesmo as da galinha pintadinha.
- Trocou de escola com absoluta facilidade, traquejo e jogo de cintura.
- Liga todos os dias para uma amiga nossa, a Teia, do seu celular de brinquedo.
- Tem um senso de localização fora do comum: basta fazer um caminho uma única vez para reconhecê-lo e saber onde vai dar.
- Cheira tudo o que vai comer.
- Costuma estragar as coisas do seu quarto quando não está de acordo com algo.
- Sabe ler o próprio nome.
- Gosta de coisas azedas, picantes e não tão doces.
- Detesta mingaus e vitaminas.
- Nunca dá nome para as bonecas, só chama de boneca.
- Não gosta de lugares tumultuados.
- Se ela se machuca em público, finge que não doeu e ri forçado.
- Traquinagem favorita: riscar paredes.
- Já está com 96cm, mas ainda pesa 11kg e continua comendo pouquíssimo.
- Ensinou o Nico a bater palminhas e é a única que arranca gargalhadas dele com a maior facilidade.
- Quando está de bom humor, fala pra gente que nos ama a cada meia hora.
- Adora o escuro (inclusive já usou isso como referência: eu te amo gigante, do tamanho do escuro).
- Fica mau humorada quando leva bronca logo cedo.
- Gosta de rock, música eletrônica e também de baladas com voz feminina.
- Entre as canções infantis, as preferidas são: todas as da Galinha Pintadinha, as mais famosas do Patati & Patatá, algumas do Balão Mágico (super fantástico, somos amigos, cafuné, galinha magricela) e algumas do Palavra Cantada.
- Ela realmente curte climas diversos: dias de chuva, dias de sol, calor ou frio. Só não viu graça nenhuma na neve.
- Adora carros, percebe semelhanças entre estilos e reconhece alguns modelos (inclusive de anos diferentes), embora não saiba os nomes. Ela sabe, por exemplo, quais são os carros/caminhonetes/minivans/caminhões/motos semelhantes ao nosso e aos dos nossos parentes e amigos mais próximos.
- Geniosa, sempre que não gosta da ordem que recebe, ela resmunga como se fosse uma adolescente.
- É bastante metódica com suas atividades diárias e suas coisas. Se encontra uma porta fechada, mantém sempre fechada; se encontra um sapato em uma prateleira, guarda sempre no mesmo lugar da mesma forma que o encontrou; se tem uma ordem de tarefas no dia, segue exatamente a mesma ordem e se trocarmos algo ela se confunde e/ou questiona.
- Em um grupo de crianças, se destaca totalmente: fala menos, mas ri bastante, brinca de um jeito exclusivo, não parece sentir necessidade de companhia embora aprecie quando aparece, prefere ficar perto de crianças maiores.
- Fica chata e irritada com facilidade, mas a nuvem cinza passa fácil se não embarcarmos no mau humor dela.
- Simplesmente ama tomar banho e escovar os dentes.
- Tem dias que contraria absolutamente tudo o que dizemos.
- Nunca falou sobre sonhos, nunca teve pesadelos (só uma vez, na primeira semana logo que chegou)
- Caiu da cama uma única vez, mas adora dormir toda espalhada.
- Muitas vezes sente as coisas quietinha. Coisas como ciume, saudade, vontade de ter algo que não tem, frustração e incerteza fazem com que ela se feche e sofra. Mas ao mesmo tempo ela nos deixa acessar tudo isso e ajudá-la a falar sobre o assunto.
- É extremamente sensível a tudo o que acontece ao seu redor e se empenha muito quando percebe que estamos tristes, além de demonstrar profundo respeito quando estamos chateadas com algo. Ela pergunta: o que foi mamãe? Então respondemos e ela pensa um pouquinho, responde: ahh tendi. Fica em silêncio e abraça, dá um beijinho, fala coisas como: eu adoro você, vou trabalhar do seu lado. <3
Posso com isso? =)
terça-feira, 11 de março de 2014
segunda-feira, 30 de dezembro de 2013
Altos e baixos
Passamos uma semana incrível na casa de praia dos meus pais. Laura e Nicolas foram SUPER bajulados, paparicados, mimados, chamegados e mais uma dúzia de ados.
Laura dormiu na cama dos meus pais quase a semana inteira, nem quis saber das mães. Brincou na piscina, na praia, se esgotou todos os dias. Nicolas ganhou tanto, mas TANTO colo que não sabia mais o que era viver sem isso na vida.
Foi uma delícia para todos nós, mas a volta pra casa não foi nenhum mar de rosas. Eu e Camila andamos estressadas, cansadas com a rotina puxada que nos pegou nesse fim de ano. Laura anda numa fase terrível, voltou a fazer birra para comer, contesta todas as regras da casa, responde de nariz em pé, se recusa a fazer as coisas mais simples. Nicolas, que estava bem adaptadinho à nossa rotina, na volta das férias apagou tudo. Passou dias berrando por não aceitar ficar no carrinho, na cadeira, no berço, no chão, no sofá... Ele, que acordava 1 vez por madrugada voltou a acordar de 2 em 2 horas aos gritos.
So-cor-ro.
Um exemplo do que anda rolando por aqui todos os dias:
Hoje colocamos as crianças no chão com várias almofadinhas e brinquedos para se divertirem juntos por um tempo. Lá pelas tantas, lasquei Laura tirando um brinquedo do Nicolas, ignorei. Mais tarde, tirou outro e outro e outro. No último brinquedo, Nicolas sem nada para se distrair começou a resmungar. Eu vejo Laura nem aí brincando com tudo sozinha alheia aos resmungos do irmão. Minha intenção era não intervir, mas achei que era hora de me meter.
Cheguei e questionei a interessante divisão de brinquedos que ela fez. Ela, pressentindo que a coisa não tava boa pro lado dela, tentou enrolar, se fazer de desentendida. Eu mandei largar tudo e sentar lá no cantinho pra pensar um pouco, sem dúvida na volta ela saberia o que responder. Depois de uns instantes, Laura boazinha diz entender que precisa dividir as coisinhas, oferecer um brinquedinho para o irmão e assim todos ficam bem.
Passa mais uns instantes e lá está ela agindo da mesma forma: arrancando tudo de perto do Nicolas para brincar cantando alto como se todos estivessem se divertindo. Mais uma vez mamãe metida tenta explicar como se brinca na vida. Não satisfeita, ela levanta e começa a jogar os brinquedos no Nicolas. Cah manda Laura sair de perto. Nicolas chora. Laura chora.
Mais um tempinho, converso de novo com ela, tento uma abordagem legal, mais lúdica, tento não falar do outro como um irmão mas como qualquer criança que ela goste e costume brincar. Ela parece entender e aceitar tudo numa boa, reconhece que não foi legal jogar as coisas no irmão, que poderia ter machucado.
Não passa nem 3 minutos sem que ela torne a fazer exatamente a mesma coisa. Minha paciência já no zero, tiro ela de lá e acabo com a brincadeira.
E assim está sendo day by day. Se ela está com ciume do irmão? Se isso é perfeitamente normal na idade dela? Se ela está tentando demarcar território? Sim para tudo, mas na maternidade aprendemos que o reconhecimento das fases serve para compreender e não para resolver. Laura perdeu a inocência quando o irmão chegou, isso era necessário então que venha, vamos resolver e a fase vai passar. Mas que isso tudo cansa, ahhhhhh como cansa.
Laura dormiu na cama dos meus pais quase a semana inteira, nem quis saber das mães. Brincou na piscina, na praia, se esgotou todos os dias. Nicolas ganhou tanto, mas TANTO colo que não sabia mais o que era viver sem isso na vida.
Foi uma delícia para todos nós, mas a volta pra casa não foi nenhum mar de rosas. Eu e Camila andamos estressadas, cansadas com a rotina puxada que nos pegou nesse fim de ano. Laura anda numa fase terrível, voltou a fazer birra para comer, contesta todas as regras da casa, responde de nariz em pé, se recusa a fazer as coisas mais simples. Nicolas, que estava bem adaptadinho à nossa rotina, na volta das férias apagou tudo. Passou dias berrando por não aceitar ficar no carrinho, na cadeira, no berço, no chão, no sofá... Ele, que acordava 1 vez por madrugada voltou a acordar de 2 em 2 horas aos gritos.
So-cor-ro.
Um exemplo do que anda rolando por aqui todos os dias:
Hoje colocamos as crianças no chão com várias almofadinhas e brinquedos para se divertirem juntos por um tempo. Lá pelas tantas, lasquei Laura tirando um brinquedo do Nicolas, ignorei. Mais tarde, tirou outro e outro e outro. No último brinquedo, Nicolas sem nada para se distrair começou a resmungar. Eu vejo Laura nem aí brincando com tudo sozinha alheia aos resmungos do irmão. Minha intenção era não intervir, mas achei que era hora de me meter.
Cheguei e questionei a interessante divisão de brinquedos que ela fez. Ela, pressentindo que a coisa não tava boa pro lado dela, tentou enrolar, se fazer de desentendida. Eu mandei largar tudo e sentar lá no cantinho pra pensar um pouco, sem dúvida na volta ela saberia o que responder. Depois de uns instantes, Laura boazinha diz entender que precisa dividir as coisinhas, oferecer um brinquedinho para o irmão e assim todos ficam bem.
Passa mais uns instantes e lá está ela agindo da mesma forma: arrancando tudo de perto do Nicolas para brincar cantando alto como se todos estivessem se divertindo. Mais uma vez mamãe metida tenta explicar como se brinca na vida. Não satisfeita, ela levanta e começa a jogar os brinquedos no Nicolas. Cah manda Laura sair de perto. Nicolas chora. Laura chora.
Mais um tempinho, converso de novo com ela, tento uma abordagem legal, mais lúdica, tento não falar do outro como um irmão mas como qualquer criança que ela goste e costume brincar. Ela parece entender e aceitar tudo numa boa, reconhece que não foi legal jogar as coisas no irmão, que poderia ter machucado.
Não passa nem 3 minutos sem que ela torne a fazer exatamente a mesma coisa. Minha paciência já no zero, tiro ela de lá e acabo com a brincadeira.
E assim está sendo day by day. Se ela está com ciume do irmão? Se isso é perfeitamente normal na idade dela? Se ela está tentando demarcar território? Sim para tudo, mas na maternidade aprendemos que o reconhecimento das fases serve para compreender e não para resolver. Laura perdeu a inocência quando o irmão chegou, isso era necessário então que venha, vamos resolver e a fase vai passar. Mas que isso tudo cansa, ahhhhhh como cansa.
segunda-feira, 16 de dezembro de 2013
Quando o dia chega ao fim
Uma noite dessas, minha mãe liga para saber dos netos. Eu respondo com voz de alívio:
- Ufa... Já estão dormindo finalmente!
Levo imediatamente um puxão de orelha. "Que é isso filha? Nunca deseje não estar com seus filhos, que tristeza você sempre quis tanto e agora comemora quando estão dormindo....blablabla".
Demagogias à parte, a vovó ali não entendeu bem o que eu quis dizer. Sim, quando chega a noite e os dois estão na cama sinto um alívio. Enfim respiro devagar e consigo relaxar, tomar um café, ver alguma amenidade na TV.
Quando temos filhos, a vida toda muda, o grau de importância de tudo aumenta. Nós passamos o dia cuidando, alimentando, tomando decisões, levando pra escola, criando atividades, dando banho, chamego, colo, bronca, castigo... Longe de falar mal da maternidade, mas quem é mãe sabe que não é mole não!
A vida com dois filhos é bem diferente, sobretudo pelas necessidades de um bebê. Eu não fazia ideia do trabalho que dava ter uma criança que não anda. Uma simples ida ao supermercado vira uma odisseia. A bolsinha de "viagem" triplicou de tamanho e não dá pra sair de casa sem umas duas mamadeiras reserva, mais suco ou chá, fruta e papinha, fraldas, lencinho e panos, muitos panos.
Por quê? Porque bebê baba! E vomita! De quebra, você precisa levar mudas extras de roupa para você também. E depois decide, dependendo do tipo da saída, se vai de carrinho de passeio ou de descanso, ou se vai encarar um colo 100% do tempo (só mesmo bêbada para ter essa ideia). Tem que planejar como vai ser essa saída, pois ele dorme lá pelas tantas, e grita lá pelas outras tantas. Tem que sair sem brincos para não ter a orelha arrancada, cabelos presos para não ficar careca, roupa escura para não exibir rodelas de baba amarelada. E um sapato baixinho bemmmm confortável para qualquer distância.
E antes que alguém pense, assim como a minha mãe, que tudo isso é uma reclamação, digo que não, não é. Apenas aceitamos que a adaptação não é fácil, que não é automática, que exige muito, mas muito esforço de todas as partes, e que tudo isso compensa muito no fim do dia quando chega 20h e os dois estão dormindo profundo no aconchego e segurança de suas caminhas.
É um alívio saber que sobrevivemos a mais um dia. Que conseguimos ser um pouquinho melhores do que ontem. Que mais um dia se passou e nossos filhos são reais. Que diante de toda a sorte de acidentes, sequestros, assaltos e demais atrocidades que destroem famílias diariamente, a nossa foi poupada e meus amores estão a salvo.
Sim. Nós sentimos um alívio enorme quando eles estão dormindo :)
- Ufa... Já estão dormindo finalmente!
Levo imediatamente um puxão de orelha. "Que é isso filha? Nunca deseje não estar com seus filhos, que tristeza você sempre quis tanto e agora comemora quando estão dormindo....blablabla".
Demagogias à parte, a vovó ali não entendeu bem o que eu quis dizer. Sim, quando chega a noite e os dois estão na cama sinto um alívio. Enfim respiro devagar e consigo relaxar, tomar um café, ver alguma amenidade na TV.
Quando temos filhos, a vida toda muda, o grau de importância de tudo aumenta. Nós passamos o dia cuidando, alimentando, tomando decisões, levando pra escola, criando atividades, dando banho, chamego, colo, bronca, castigo... Longe de falar mal da maternidade, mas quem é mãe sabe que não é mole não!
A vida com dois filhos é bem diferente, sobretudo pelas necessidades de um bebê. Eu não fazia ideia do trabalho que dava ter uma criança que não anda. Uma simples ida ao supermercado vira uma odisseia. A bolsinha de "viagem" triplicou de tamanho e não dá pra sair de casa sem umas duas mamadeiras reserva, mais suco ou chá, fruta e papinha, fraldas, lencinho e panos, muitos panos.
Por quê? Porque bebê baba! E vomita! De quebra, você precisa levar mudas extras de roupa para você também. E depois decide, dependendo do tipo da saída, se vai de carrinho de passeio ou de descanso, ou se vai encarar um colo 100% do tempo (só mesmo bêbada para ter essa ideia). Tem que planejar como vai ser essa saída, pois ele dorme lá pelas tantas, e grita lá pelas outras tantas. Tem que sair sem brincos para não ter a orelha arrancada, cabelos presos para não ficar careca, roupa escura para não exibir rodelas de baba amarelada. E um sapato baixinho bemmmm confortável para qualquer distância.
E antes que alguém pense, assim como a minha mãe, que tudo isso é uma reclamação, digo que não, não é. Apenas aceitamos que a adaptação não é fácil, que não é automática, que exige muito, mas muito esforço de todas as partes, e que tudo isso compensa muito no fim do dia quando chega 20h e os dois estão dormindo profundo no aconchego e segurança de suas caminhas.
É um alívio saber que sobrevivemos a mais um dia. Que conseguimos ser um pouquinho melhores do que ontem. Que mais um dia se passou e nossos filhos são reais. Que diante de toda a sorte de acidentes, sequestros, assaltos e demais atrocidades que destroem famílias diariamente, a nossa foi poupada e meus amores estão a salvo.
Sim. Nós sentimos um alívio enorme quando eles estão dormindo :)
segunda-feira, 18 de novembro de 2013
Dois filhos...
A primeira noite dos dois em casa foi mágica. Diferentemente da sensação de estranheza que senti quando Laura finalmente ocupou seu quartinho inacabado, agora estávamos eu e Cah paradas na porta do quarto onde os dois dormiam profundamente... E o sorriso bobo não saía do rosto.
Nicolas cumpriu o papel que lhe foi cabido pela equipe técnica e dormiu tranquilamente, acordando apenas uma vez para mamar. Mas a primeira madrugada dos dois em casa não foi protagonizada por ele e sim pela Laura, que nos surpreendeu com uma febre de quase 40ºC. Virose? Não, é apenas sua insegurança e medo despontando pelo corpo, coisa que acontece cada vez que algo muda drasticamente na sua vida. O que será que passa por aquela cabecinha? O que ela pensa, o que sente tão profundo que não conseguimos entender completamente?
Dó demais de ver aquela bonequinha queimando de febre por conta do irmão, pois para as aparências ela estava aguentando bravamente!
Portanto, a manhã de 31 de outubro foi dividida entre as descobertas do novo e as preocupações do antigo... Laura ganhou um bom chá de chamegos e passou o dia de cama se fortalecendo. Os sinais de que seria passageiro foram além do termômetro: todo o momento em que ela se sentia melhor, levantava e ia ter com o Nick, conversar com ele, dar um beijinho, enfim curtir o maninho com toda a delicadeza de sempre.
Eu acho que foi só aí que ela entendeu que esse tal de "irmãozinho" não era uma visita, um filho de uma amiga, um amiguinho para brincar temporariamente. Não tenho ideia do que isso significa para ela agora, mas sei que estamos dando o primeiro passo para um conceito de família que nenhum de nós quatro imaginamos. Afinal de contas, ele não é apenas nosso segundo filho, como também o irmão da Laura. O irmãozinho caçula!
A relação de irmãos é algo que me apaixona pela cumplicidade, pela proximidade orgânica, aquela amizade tão sincera que chega a ser indesejada muitas vezes, mas que depois de crescidos, só deixa sobrar o amor e as lembranças divertidas da infância.
Da minha parte, tudo o que eu aprendi com a Laura, com nossa relação e com a construção desse vínculo tão forte agora parece totalmente vencido, algo que absorvi e aprendi a vivenciar com tranquilidade no dia a dia. Então olho para o Nicolas e vejo o quanto ainda tenho a aprender e a viver... E olho para os dois juntos e sonho acordada - temos mesmo dois filhos?
Nicolas cumpriu o papel que lhe foi cabido pela equipe técnica e dormiu tranquilamente, acordando apenas uma vez para mamar. Mas a primeira madrugada dos dois em casa não foi protagonizada por ele e sim pela Laura, que nos surpreendeu com uma febre de quase 40ºC. Virose? Não, é apenas sua insegurança e medo despontando pelo corpo, coisa que acontece cada vez que algo muda drasticamente na sua vida. O que será que passa por aquela cabecinha? O que ela pensa, o que sente tão profundo que não conseguimos entender completamente?
Dó demais de ver aquela bonequinha queimando de febre por conta do irmão, pois para as aparências ela estava aguentando bravamente!
Portanto, a manhã de 31 de outubro foi dividida entre as descobertas do novo e as preocupações do antigo... Laura ganhou um bom chá de chamegos e passou o dia de cama se fortalecendo. Os sinais de que seria passageiro foram além do termômetro: todo o momento em que ela se sentia melhor, levantava e ia ter com o Nick, conversar com ele, dar um beijinho, enfim curtir o maninho com toda a delicadeza de sempre.
Eu acho que foi só aí que ela entendeu que esse tal de "irmãozinho" não era uma visita, um filho de uma amiga, um amiguinho para brincar temporariamente. Não tenho ideia do que isso significa para ela agora, mas sei que estamos dando o primeiro passo para um conceito de família que nenhum de nós quatro imaginamos. Afinal de contas, ele não é apenas nosso segundo filho, como também o irmão da Laura. O irmãozinho caçula!
A relação de irmãos é algo que me apaixona pela cumplicidade, pela proximidade orgânica, aquela amizade tão sincera que chega a ser indesejada muitas vezes, mas que depois de crescidos, só deixa sobrar o amor e as lembranças divertidas da infância.
Da minha parte, tudo o que eu aprendi com a Laura, com nossa relação e com a construção desse vínculo tão forte agora parece totalmente vencido, algo que absorvi e aprendi a vivenciar com tranquilidade no dia a dia. Então olho para o Nicolas e vejo o quanto ainda tenho a aprender e a viver... E olho para os dois juntos e sonho acordada - temos mesmo dois filhos?
sábado, 9 de novembro de 2013
Aos 30
"Todos vamos morrer. Porém, não podemos decidir como e quando, mas podemos escolher como iremos viver até lá. Olhe ao seu redor e veja se é essa vida que você quer viver".
Eu sempre me achei durona e achava que era papo furado essa coisa de repensar a vida quando completamos uma etapa marcante - e que mulher vai dizer que fazer trinta anos não é marcante? -, mas eu estava errada.
Olho para trás e vejo muitas coisas. Vejo erros, acertos e coisas que ainda não consegui definir o que são. Magoei pessoas, aprendi com algumas, fui magoada por algumas também. Me diverti muito, fiz tudo o que queria fazer (tirando me mudar pro Canadá). Gostaria de não ter feito certas escolhas, sentir o que senti, magoar quem eu magoei. Eu não me envergonho de dizer que tenho arrependimentos. Queria ter pensado mais antes de agir, ter persistido mais em algumas coisas, aberto mão de outras mais cedo.
Mas olhando para onde estou hoje, posso dizer: é exatamente onde e cmo eu gostaria de estar (ok, ok, poderia ter uma variação para mais na minha conta bancária). Ver meus filhos brincando juntos, nossa casa com cada detalhe escolhido por nós, nossos amigos acima de qualquer erro ou julgamento, minha esposa... Ah esse é um capítulo à parte, ela me enlaçou, me agarrou e quando eu percebi estava casada... hahaha, mas essa foi a melhor escolha, que com certeza faz parte dos acertos. Ela me ajuda a caminhar, a crescer, acredita em mim e eu a amo muito.
Então vendo tudo isso, pensando aqui no alto dos meus 30 anos muito bem vividos, só tenho a agradecer ao Universo por ter conspirado a meu favor, por ter me permitido crescer, amadurecer e viver para sentir toda essa felicidade.
Eu sempre me achei durona e achava que era papo furado essa coisa de repensar a vida quando completamos uma etapa marcante - e que mulher vai dizer que fazer trinta anos não é marcante? -, mas eu estava errada.
Olho para trás e vejo muitas coisas. Vejo erros, acertos e coisas que ainda não consegui definir o que são. Magoei pessoas, aprendi com algumas, fui magoada por algumas também. Me diverti muito, fiz tudo o que queria fazer (tirando me mudar pro Canadá). Gostaria de não ter feito certas escolhas, sentir o que senti, magoar quem eu magoei. Eu não me envergonho de dizer que tenho arrependimentos. Queria ter pensado mais antes de agir, ter persistido mais em algumas coisas, aberto mão de outras mais cedo.
Mas olhando para onde estou hoje, posso dizer: é exatamente onde e cmo eu gostaria de estar (ok, ok, poderia ter uma variação para mais na minha conta bancária). Ver meus filhos brincando juntos, nossa casa com cada detalhe escolhido por nós, nossos amigos acima de qualquer erro ou julgamento, minha esposa... Ah esse é um capítulo à parte, ela me enlaçou, me agarrou e quando eu percebi estava casada... hahaha, mas essa foi a melhor escolha, que com certeza faz parte dos acertos. Ela me ajuda a caminhar, a crescer, acredita em mim e eu a amo muito.
Então vendo tudo isso, pensando aqui no alto dos meus 30 anos muito bem vividos, só tenho a agradecer ao Universo por ter conspirado a meu favor, por ter me permitido crescer, amadurecer e viver para sentir toda essa felicidade.
Abraços Cah
quarta-feira, 6 de novembro de 2013
O primeiro dia do segundinho
Já entendemos que não existe meio de estar preparada para receber um filho - seja como for, a chegada sempre será marcada de muito nervosismo, ansiedade, distração, dor de barriga e conta bancária zerada.
Depois de passar o maior sufoco tentando comprar as passagens e suprir as primeiras necessidades básicas do nosso futuro pimpolho, fomos agraciadas com a boa vontade dos amigos. Ganhamos de tudo: berço, bebê conforto, carrinho de passeio, roupas, mamadeira, chupetas, sapatinhos, meias, babadores, etc. Foi incrível! Em poucos dias tínhamos um quarto montado e passagens na mão.
Mas se essa semana de preparativos teve a duração de um dia, a semana seguinte foi de um mês. Na terça-feira de manhã embarcamos no avião a BH com uma Laura feliz da vida:
- Mãe, vamos lá na casinha?
- Que casinha filha?
- A casinha do céu onde tá o meu irmãozinho!
Foi nesse clima que chegamos na terrinha dos nossos filhos. Lá, nos esperava nossa anfitriã master, mais amiga impossível que trocou horário do trabalho só para estar conosco (Loreeee te amamos!). Pegamos um ônibus até o centro e partimos para a VIJ encontrar a técnica. Conhecemos a figura e tivemos acesso a todo o processo dele, cada detalhezinho da sua curtíssima vida.
Ela sentiu nossa convicção absurda para a adoção e resolveu deixar toda a papelada pronta previamente, pois assim que fôssemos ao abrigo no dia seguinte já seríamos liberadas para casa. Isso me deu uma sensação louca de paz, a dor de barriga cedeu e eu passei a imaginar como seria o dia seguinte.
Eu e Camila tínhamos um combinado: com medo de ele não querer saber de mim (gata escaldada rs), combinamos que eu entraria no abrigo com Laura no colo e então Cah o pegaria pela primeira vez. Depois, sem tantos olhares, eu me aproximaria dele de fato.
No dia seguinte na hora combinada chegamos ao abrigo. Fomos super bem recebidas e nos impressionamos com a qualidade da instituição - infinitamente superior à do abrigo onde Laura viveu. Sentamos numa salinha e de repente veio a cuidadora com um bebê no colo. Meu coração saltou, prendi a respiração. Seria ele? Não lembrava mais da foto, de nada. Camila ria nervosa ao meu lado. A cuidadora vira o baby para nós e assim que ele nos vê abre o maior sorriso.
Eu desisti na hora do combinado, levantei e peguei aquela bolinha gordinha no colo, desatei a chorar enquanto a Cah me olhava com os olhos vermelhos, sem acreditar também. Laura ficou preocupada comigo, pensou que eu estivesse sofrendo. Trocamos os filhos de colo e eu procurei explicar à ela que mamãe era assim mesmo, uma baita chorona, e que quando a vi pela primeira vez foi igualzinho (tanto que é com lágrimas que relembro esse momento enquanto relato para vocês).
As técnicas saíram da sala e nos deixaram a sós - nós quatro - num espaço que não tinha mais lugar tamanha era nossa felicidade.
O resto do dia foi andando pela cidade com bolsas de viagem, sacola de bebê e crianças tentando encontrar um jeito de fazer o tempo voar para logo estar em casa. O vôo de volta foi no mesmo dia e não poderia ser mais tranquilo: bebê dormindo no colo a viagem inteira. Nesse momento, o ciume da Laura dá sinal, ela fica sem sossego nos chamando a cada segundo para ver a janela, o dedo que machucou, o botão da poltrona, a revista, o teto, a asa do avião, etc. Cansativo, mas super compreensível.
Chegamos em casa por volta das 21h daquele dia, menos de 24h depois de tê-lo nos braços pela primeira vez. Ele dormiu no berço sem problemas, acordando apenas para mamar uma vez. Fomos dormir nesse primeiro dia exaustas e incrédulas.
O quarto da Laura agora era o quarto das crianças!
Depois de passar o maior sufoco tentando comprar as passagens e suprir as primeiras necessidades básicas do nosso futuro pimpolho, fomos agraciadas com a boa vontade dos amigos. Ganhamos de tudo: berço, bebê conforto, carrinho de passeio, roupas, mamadeira, chupetas, sapatinhos, meias, babadores, etc. Foi incrível! Em poucos dias tínhamos um quarto montado e passagens na mão.
Mas se essa semana de preparativos teve a duração de um dia, a semana seguinte foi de um mês. Na terça-feira de manhã embarcamos no avião a BH com uma Laura feliz da vida:
- Mãe, vamos lá na casinha?
- Que casinha filha?
- A casinha do céu onde tá o meu irmãozinho!
Foi nesse clima que chegamos na terrinha dos nossos filhos. Lá, nos esperava nossa anfitriã master, mais amiga impossível que trocou horário do trabalho só para estar conosco (Loreeee te amamos!). Pegamos um ônibus até o centro e partimos para a VIJ encontrar a técnica. Conhecemos a figura e tivemos acesso a todo o processo dele, cada detalhezinho da sua curtíssima vida.
Ela sentiu nossa convicção absurda para a adoção e resolveu deixar toda a papelada pronta previamente, pois assim que fôssemos ao abrigo no dia seguinte já seríamos liberadas para casa. Isso me deu uma sensação louca de paz, a dor de barriga cedeu e eu passei a imaginar como seria o dia seguinte.
Eu e Camila tínhamos um combinado: com medo de ele não querer saber de mim (gata escaldada rs), combinamos que eu entraria no abrigo com Laura no colo e então Cah o pegaria pela primeira vez. Depois, sem tantos olhares, eu me aproximaria dele de fato.
No dia seguinte na hora combinada chegamos ao abrigo. Fomos super bem recebidas e nos impressionamos com a qualidade da instituição - infinitamente superior à do abrigo onde Laura viveu. Sentamos numa salinha e de repente veio a cuidadora com um bebê no colo. Meu coração saltou, prendi a respiração. Seria ele? Não lembrava mais da foto, de nada. Camila ria nervosa ao meu lado. A cuidadora vira o baby para nós e assim que ele nos vê abre o maior sorriso.
Eu desisti na hora do combinado, levantei e peguei aquela bolinha gordinha no colo, desatei a chorar enquanto a Cah me olhava com os olhos vermelhos, sem acreditar também. Laura ficou preocupada comigo, pensou que eu estivesse sofrendo. Trocamos os filhos de colo e eu procurei explicar à ela que mamãe era assim mesmo, uma baita chorona, e que quando a vi pela primeira vez foi igualzinho (tanto que é com lágrimas que relembro esse momento enquanto relato para vocês).
As técnicas saíram da sala e nos deixaram a sós - nós quatro - num espaço que não tinha mais lugar tamanha era nossa felicidade.
O resto do dia foi andando pela cidade com bolsas de viagem, sacola de bebê e crianças tentando encontrar um jeito de fazer o tempo voar para logo estar em casa. O vôo de volta foi no mesmo dia e não poderia ser mais tranquilo: bebê dormindo no colo a viagem inteira. Nesse momento, o ciume da Laura dá sinal, ela fica sem sossego nos chamando a cada segundo para ver a janela, o dedo que machucou, o botão da poltrona, a revista, o teto, a asa do avião, etc. Cansativo, mas super compreensível.
Chegamos em casa por volta das 21h daquele dia, menos de 24h depois de tê-lo nos braços pela primeira vez. Ele dormiu no berço sem problemas, acordando apenas para mamar uma vez. Fomos dormir nesse primeiro dia exaustas e incrédulas.
O quarto da Laura agora era o quarto das crianças!
domingo, 27 de outubro de 2013
E a corrida recomeça!
Como contei no último post, assim que enviamos o requerimento para a juíza da VIJ, recebemos um retorno da AS local informando que estava tudo certo, que agora era só aguardar. Resolvemos que em breve começaríamos os preparativos para o segundo filho. O primeiro passo era avisar a família de que o público aqui em casa iria aumentar.
Com a minha mãe prestes a completar 60 anos e a Cah, em data bem próxima, chegando aos 30, decidimos fazer uma comemoração especial. Por isso, há meses reservamos uma pousadinha no litoral catarinense para um findi logo no início de novembro. Pensamos em aproveitar o momento para anunciar que estamos grávidas de coração novamente. Perfeito!
Mas o tempo não segue regra alguma. No dia 21 de outubro estou em casa lavando a louça do almoço, ao mesmo tempo em que aguardo Laura terminar seu prato e me arrumo para sair quando toca o telefone. É a esposa:
- Amor, está sentada?
Coração apertou - lá vem desgraça - pensei.
- Sim, fala o que houve???
- Nosso filho chegou.
...
Não sei dizer o que falamos na sequência. Minha cabeça girava. Como assim chegou? Acabamos de voltar ao CNA! Só pode ser loucura.
E é. A mais doce e incrível loucura que já vivemos.
Quando pensei que nada mais poderia superar a emoção de saber que em breve seria mãe, vem o destino e me mostra que ser mãe pela segunda vez pode ser ainda mais incrível. Ao esperar pela Laura, eu não sabia o que sentir, apenas ansiava e sonhava, imaginava e criava expectativas. Agora eu sei o que é ser mãe, sei o que é amar absurdamente um ser que um dia me foi desconhecido. E o sentimento que nutri pelo segundo filho foi instantâneo, alucinante, avassalador.
Hoje, dia 27 de outubro, estamos há dois dias de conhecer nosso segundo pote de ouro. O quarto já está pronto, o cronograma também. E nossos corações? Estão abertos, imensos e inquietos. Inesperadamente prontos!
Com a minha mãe prestes a completar 60 anos e a Cah, em data bem próxima, chegando aos 30, decidimos fazer uma comemoração especial. Por isso, há meses reservamos uma pousadinha no litoral catarinense para um findi logo no início de novembro. Pensamos em aproveitar o momento para anunciar que estamos grávidas de coração novamente. Perfeito!
Mas o tempo não segue regra alguma. No dia 21 de outubro estou em casa lavando a louça do almoço, ao mesmo tempo em que aguardo Laura terminar seu prato e me arrumo para sair quando toca o telefone. É a esposa:
- Amor, está sentada?
Coração apertou - lá vem desgraça - pensei.
- Sim, fala o que houve???
- Nosso filho chegou.
...
Não sei dizer o que falamos na sequência. Minha cabeça girava. Como assim chegou? Acabamos de voltar ao CNA! Só pode ser loucura.
E é. A mais doce e incrível loucura que já vivemos.
Quando pensei que nada mais poderia superar a emoção de saber que em breve seria mãe, vem o destino e me mostra que ser mãe pela segunda vez pode ser ainda mais incrível. Ao esperar pela Laura, eu não sabia o que sentir, apenas ansiava e sonhava, imaginava e criava expectativas. Agora eu sei o que é ser mãe, sei o que é amar absurdamente um ser que um dia me foi desconhecido. E o sentimento que nutri pelo segundo filho foi instantâneo, alucinante, avassalador.
Hoje, dia 27 de outubro, estamos há dois dias de conhecer nosso segundo pote de ouro. O quarto já está pronto, o cronograma também. E nossos corações? Estão abertos, imensos e inquietos. Inesperadamente prontos!
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