quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Arriscar ou não arriscar?

Enquanto tento administrar meu tempo entre empresa, emprego, sono, esposa, amigos, militância, animais... A vida corre e eu me pego tentando resolver essa história da papelada da adoção em doses homeopáticas.

Primeiramente, vamos esclarecer. A reunião passada não foi aquela correspondente ao tal curso para adotantes, foi apenas um procedimento comum aqui do Fórum da minha cidade. Depois daquele dia, levei semanas para juntar a documentação, apesar de não ser nada assim do outro mundo. Apenas depois de entregar tudo e esperar formarem uma turma de adotantes é que começa o tal curso com a duração de três encontros.

Ao solicitar as certidões negativas no Fórum, a moça pediu se podia fazer a minha e a da Cah juntas. Eu fiquei animada com a naturalidade do pedido e autorizei: recebi um único documento comprovando que tanto eu quanto a minha esposa não temos antecedentes criminais. Mas na hora de pedir o atestado de capacidade física e mental ao meu chefe (que é psicanalista), a dúvida pintou: segundo ele, cerca de 3 anos atrás um casal de amigas adotou uma criança, porém o pedido foi feito apenas no nome de uma delas, mesmo as duas vivendo na mesma casa. Ele pediu se eu queria fazer a declaração do casal ou apenas de uma de nós duas...

E agora? Arriscamos algo duvidoso ou vamos pelo óbvio?

O que pesou mais nessa questão foi o fato de que vamos tentar o casamento civil no ano que vem, logo, não poderia solicitar a adoção como solteira. E mesmo que não seja, me parece tão hipócrita fazer a solicitação como solteira, sendo que as visitas ocorrerão, as fotos mostram nós duas juntas e todas as pessoas que nos conhecem sabem que mantemos uma relação estável há anos. Não seria ridículo entrar com processo de adoção como solteira?? Qual a diferença para o juiz, uma vez que a criança vai conviver com duas mães de qualquer jeito?

São muitas dúvidas.... Por um lado, o judiciário alega que não são mais feitas restrições nos processos de adoção por casais homossexuais. Por outro, sabemos que a habilitação é concedida de forma bastante pessoal: dependemos da vontade da assistente social e do juiz. Assim corremos o risco, durante o percurso, de nosso processo esbarrar em um ou outro homofóbico (ou naquelas pessoas que trazem o velho discurso: "não tenho nada contra os gays...mas sei lá, colocar uma criança NESSE MEIO parece errado").

Temos consciência de que nossa vida é uma batalha constante. Apenas gostaria de ter as mesmas chances de ganhar um "habilitado" do que qualquer tentante.

Por fim, optei por apresentar um atestado do casal. Vamos agir como sempre agimos: juntas. Infelizmente só vamos saber como seremos recebidas no momento em que a assistente social ligar. Até lá...como sobreviver? rs