terça-feira, 16 de outubro de 2012

O dia do (pseudo)batizado


Meninas e meninos (por que não?), conforme combinado esse é o texto do batizado.

Filha querida:
Recebemos você com a alma em festa, vestida de sonhos e esperanças.
Queremos que você saiba que o fato de você não ter saído de nosso útero, não altera o nosso infinito amor por você, pois você nasceu em nossos corações.
Marcamos esse reencontro em tempos imemoriais dos nossos passados, no qual estabelecemos esses 
vínculos de afeto e amor eterno...
Por motivos que nos escapam, você veio a nós por outro caminhos, mas agradecemos a Deus por ter nos guiado nesse percurso, muitas vezes longo e cansativo, mas que finalmente nos levou a encontrar nosso pote de ouro no fim do arco-íris.
Nossa filha!
Hoje enchemos a boca para falar com o coração aos pulos: essa é nossa filha!
O teu sorriso, as travessuras, as gargalhadas, as buscas de colo, os abraços que ganhamos de ti preenchem nossa vida de luz e felicidade!
Gostaríamos hoje de comemorar a sua chegada em nossas vidas e agradecer ao universo por ter conspirado a favor.
Cada elemento da Terra temos hoje representado em seus padrinhos. Cada um simbolizando um elemento tão importante e primordial para que a vida seja gerada.
Água, ar, fogo e terra!
Somente com essa união pode haver vida. E juntos eles a recebem em seus corações e em suas vidas como sua protegida querida e amada.
Teus padrinhos foram escolhidos por serem pessoas tão amadas por nós e por fazerem parte de nossas vidas em todos os melhores momentos. Por sonharem conosco nossos sonhos e secarem nossas lágrimas.
Eles serão sempre para você um exemplo, um apoio e uma referencia de amor e de família. A verdadeira família, aquela que nasce do amor e do respeito cultivado no dia-a-dia.
Filha, confie que eles estarão sempre ao seu lado.
Nós a amamos muito!

Depois pedimos aos padrinhos para em vez de presentes, que trouxessem uma pequena cartinha com um desejo para ela. Claro que todos também trouxeram presentes, mas as cartinhas ficaram lindas demais.

O almoço foi delicioso, o bolo maravilhoso e os amigos fantásticos.

Cada lembrancinha foi feita por nós com muito carinho, como também o convite. Vejam! (fomos autorizadas a divulgar o nome, apesar de que muitos já sabiam rss)

 Convite
Lembrancinha (era uma latinha de metal com mini-confetes).

Essa comemoração foi a primeira festa somente da nossa princesa. E pra nós foi a mais mexeu conosco. Ficamos ansiosas para ver tudo pronto. Preocupadas se daria tudo certo. Felizes quando vimos como ficou. E muito mais felizes de ver o sorrisão lindo da nossa filha quando a festa começou.
Foi perfeito! Maravilhoso!

E pra finalizar do jeito que bem mereceu, colocamos a banheirinha dela lá fora pra ela se esbaldar naquela tarde tão quente.


Beijos,
Cah.

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Dor verdadeira

Basta ler alguns dos meus posts por aqui para perceber que esse espaço me inspira à reflexão. Na verdade não é o espaço em si, várias vezes desabafo em caracteres silenciosos no word só para depois ter o prazer de deletar, simbolicamente tentando também apagar minhas aflições.

Desde o dia 27 de julho estamos de licença do trabalho. Essa "folga" veio depois de uma sequência, creio eu, de uns 4 ou 5 anos sem férias. Ou mais. Assim, com tanta novidade para assimilar, estava ansiosa para poder deixar algumas preocupações de lado, mas confesso que essa etapa da vida mexeu muito mais comigo do que eu esperava. Por um lado, a felicidade de poder ter aquele pouco mais de calma que a vida pede; por outro, o medo de me afastar demais de mim.

Não ficamos paradas um segundo. Tivemos funções exaustivas com médicos, cadastro para retirada de medicamentos, consultas, inclusão da L. nos planos odontológico e de saúde, compras mil, a escolha da escolinha, revezamento de visitas de amigos e parentes que moram longe, encaminhar adoção definitiva... Enquanto isso, zero salários. Adotantes precisam dar entrada diretamente no INSS para receber o benefício, diferentemente de gestantes que continuam recebendo o valor da empresa, que é reembolsada pelo INSS. Falando assim parece simples. Até que você liga e descobre que precisa fazer um agendamento prévio (no meu caso foi para mais de um mês adiante), e que depois de ser atendida pela primeira vez, o seu pedido vai para avaliação e você aguarda uns 40 dias para receber uma carta em casa indicando o dia do pagamento.

"Mas não se preocupe, eles pagam retroativo", foi o que me disseram os atendentes nas mais de duas vezes que estive lá. Pois e como faço para viver retroativo? Pagar as contas retroativo? Comer retroativo??

Sem salário de ambas, eu e a Cah passamos a viver das nossas economias (que obviamente estavam reservadas para outros fins) e do pouco que minha empresa lucra. Hoje, dia 02 de outubro, ainda não recebemos um centavo e não sabemos quando o $$ virá. Por si só, esse assunto já é suficiente para reativar minha gastrite que estava mais para um vulcão adormecido.

Mas além das praticidades (ou falta de), é um pouco angustiante descobrir que você não ganha superpoderes com a maternidade. Aquela paciência ilimitada não existe para seres humanos normais, que se entopem de defeitos no decorrer dos anos. Sentir que você vira mãe e não está melhor do que antes e que aquele defeito horripilante não desapareceu magicamente é frustrante. Eu me tornei mãe assim, cheia de falhas. E isso é doloroso de se perceber. Acho que quando buscamos a maternidade temos muitas expectativas com o filho sim, mas mais ainda com nós mesmas. E todas elas desabam no primeiro castigo que não surtiu o efeito esperado, no primeiro dia que você olha para sua família perfeita e não se sensibiliza tanto assim....

Mas a vida é caprichosa, faz o favor de nos cutucar ou sacudir se preciso. Ontem soube que uma conhecida do trabalho sofreu um grave acidente de carro. Ela tem a minha idade e o filho, que estava com ela no momento, é mais novo que L.

Minha amiga (sobre)viveu ao acidente, mas seu filho não. Ele morreu um mês antes de completar 2 anos.



Lembro do dia em que ela encheu os olhos de lágrimas ao saber da história de L. e disse: "Depois que nos tornamos mães, não conseguimos suportar a dor de saber que existem crianças sem família".

Agora existe uma família sem sua criança. E então descobri que isso dói muito mais.