segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Dois filhos...

A primeira noite dos dois em casa foi mágica. Diferentemente da sensação de estranheza que senti quando Laura finalmente ocupou seu quartinho inacabado, agora estávamos eu e Cah paradas na porta do quarto onde os dois dormiam profundamente... E o sorriso bobo não saía do rosto.

Nicolas cumpriu o papel que lhe foi cabido pela equipe técnica e dormiu tranquilamente, acordando apenas uma vez para mamar. Mas a primeira madrugada dos dois em casa não foi protagonizada por ele e sim pela Laura, que nos surpreendeu com uma febre de quase 40ºC. Virose? Não, é apenas sua insegurança e medo despontando pelo corpo, coisa que acontece cada vez que algo muda drasticamente na sua vida. O que será que passa por aquela cabecinha? O que ela pensa, o que sente tão profundo que não conseguimos entender completamente?

Dó demais de ver aquela bonequinha queimando de febre por conta do irmão, pois para as aparências ela estava aguentando bravamente!

Portanto, a manhã de 31 de outubro foi dividida entre as descobertas do novo e as preocupações do antigo... Laura ganhou um bom chá de chamegos e passou o dia de cama se fortalecendo. Os sinais de que seria passageiro foram além do termômetro: todo o momento em que ela se sentia melhor, levantava e ia ter com o Nick, conversar com ele, dar um beijinho, enfim curtir o maninho com toda a delicadeza de sempre.

Eu acho que foi só aí que ela entendeu que esse tal de "irmãozinho" não era uma visita, um filho de uma amiga, um amiguinho para brincar temporariamente. Não tenho ideia do que isso significa para ela agora, mas sei que estamos dando o primeiro passo para um conceito de família que nenhum de nós quatro imaginamos. Afinal de contas, ele não é apenas nosso segundo filho, como também o irmão da Laura. O irmãozinho caçula!

A relação de irmãos é algo que me apaixona pela cumplicidade, pela proximidade orgânica, aquela amizade tão sincera que chega a ser indesejada muitas vezes, mas que depois de crescidos, só deixa sobrar o amor e as lembranças divertidas da infância.

Da minha parte, tudo o que eu aprendi com a Laura, com nossa relação e com a construção desse vínculo tão forte agora parece totalmente vencido, algo que absorvi e aprendi a vivenciar com tranquilidade no dia a dia. Então olho para o Nicolas e vejo o quanto ainda tenho a aprender e a viver... E olho para os dois juntos e sonho acordada - temos mesmo dois filhos?


sábado, 9 de novembro de 2013

Aos 30

"Todos vamos morrer. Porém, não podemos decidir como e quando, mas podemos escolher como iremos viver até lá. Olhe ao seu redor e veja se é essa vida que você quer viver".

Eu sempre me achei durona e achava que era papo furado essa coisa de repensar a vida quando completamos uma etapa marcante - e que mulher vai dizer que fazer trinta anos não é marcante? -, mas eu estava errada. 

Olho para trás e vejo muitas coisas. Vejo erros, acertos e coisas que ainda não consegui definir o que são. Magoei pessoas, aprendi com algumas, fui magoada por algumas também. Me diverti muito, fiz tudo o que queria fazer (tirando me mudar pro Canadá). Gostaria de não ter feito certas escolhas, sentir o que senti, magoar quem eu magoei. Eu não me envergonho de dizer que tenho arrependimentos. Queria ter pensado mais antes de agir, ter persistido mais em algumas coisas, aberto mão de outras mais cedo.

Mas olhando para onde estou hoje, posso dizer: é exatamente onde e cmo eu gostaria de estar (ok, ok, poderia ter uma variação para mais na minha conta bancária). Ver meus filhos brincando juntos, nossa casa com cada detalhe escolhido por nós, nossos amigos acima de qualquer erro ou julgamento, minha esposa... Ah esse é um capítulo à parte, ela me enlaçou, me agarrou e quando eu percebi estava casada... hahaha, mas essa foi a melhor escolha, que com certeza faz parte dos acertos. Ela me ajuda a caminhar, a crescer, acredita em mim e eu a amo muito.

Então vendo tudo isso, pensando aqui no alto dos meus 30 anos muito bem vividos, só tenho a agradecer ao Universo por ter conspirado a meu favor, por ter me permitido crescer, amadurecer e viver para sentir toda essa felicidade.


                                                                                        Abraços Cah

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

O primeiro dia do segundinho

Já entendemos que não existe meio de estar preparada para receber um filho - seja como for, a chegada sempre será marcada de muito nervosismo, ansiedade, distração, dor de barriga e conta bancária zerada.

Depois de passar o maior sufoco tentando comprar as passagens e suprir as primeiras necessidades básicas do nosso futuro pimpolho, fomos agraciadas com a boa vontade dos amigos. Ganhamos de tudo: berço, bebê conforto, carrinho de passeio, roupas, mamadeira, chupetas, sapatinhos, meias, babadores, etc. Foi incrível! Em poucos dias tínhamos um quarto montado e passagens na mão.

Mas se essa semana de preparativos teve a duração de um dia, a semana seguinte foi de um mês. Na terça-feira de manhã embarcamos no avião a BH com uma Laura feliz da vida:

- Mãe, vamos lá na casinha?
- Que casinha filha?
- A casinha do céu onde tá o meu irmãozinho!

Foi nesse clima que chegamos na terrinha dos nossos filhos. Lá, nos esperava nossa anfitriã master, mais amiga impossível que trocou horário do trabalho só para estar conosco (Loreeee te amamos!). Pegamos um ônibus até o centro e partimos para a VIJ encontrar a técnica. Conhecemos a figura e tivemos acesso a todo o processo dele, cada detalhezinho da sua curtíssima vida.

Ela sentiu nossa convicção absurda para a adoção e resolveu deixar toda a papelada pronta previamente, pois assim que fôssemos ao abrigo no dia seguinte já seríamos liberadas para casa. Isso me deu uma sensação louca de paz, a dor de barriga cedeu e eu passei a imaginar como seria o dia seguinte.

Eu e Camila tínhamos um combinado: com medo de ele não querer saber de mim (gata escaldada rs), combinamos que eu entraria no abrigo com Laura no colo e então Cah o pegaria pela primeira vez. Depois, sem tantos olhares, eu me aproximaria dele de fato.

No dia seguinte na hora combinada chegamos ao abrigo. Fomos super bem recebidas e nos impressionamos com a qualidade da instituição - infinitamente superior à do abrigo onde Laura viveu. Sentamos numa salinha e de repente veio a cuidadora com um bebê no colo. Meu coração saltou, prendi a respiração. Seria ele? Não lembrava mais da foto, de nada. Camila ria nervosa ao meu lado. A cuidadora vira o baby para nós e assim que ele nos vê abre o maior sorriso.

Eu desisti na hora do combinado, levantei e peguei aquela bolinha gordinha no colo, desatei a chorar enquanto a Cah me olhava com os olhos vermelhos, sem acreditar também. Laura ficou preocupada comigo, pensou que eu estivesse sofrendo. Trocamos os filhos de colo e eu procurei explicar à ela que mamãe era assim mesmo, uma baita chorona, e que quando a vi pela primeira vez foi igualzinho (tanto que é com lágrimas que relembro esse momento enquanto relato para vocês).

As técnicas saíram da sala e nos deixaram a sós - nós quatro - num espaço que não tinha mais lugar tamanha era nossa felicidade.

O resto do dia foi andando pela cidade com bolsas de viagem, sacola de bebê e crianças tentando encontrar um jeito de fazer o tempo voar para logo estar em casa. O vôo de volta foi no mesmo dia e não poderia ser mais tranquilo: bebê dormindo no colo a viagem inteira. Nesse momento, o ciume da Laura dá sinal, ela fica sem sossego nos chamando a cada segundo para ver a janela, o dedo que machucou, o botão da poltrona, a revista, o teto, a asa do avião, etc. Cansativo, mas super compreensível.

Chegamos em casa por volta das 21h daquele dia, menos de 24h depois de tê-lo nos braços pela primeira vez. Ele dormiu no berço sem problemas, acordando apenas para mamar uma vez. Fomos dormir nesse primeiro dia exaustas e incrédulas.

O quarto da Laura agora era o quarto das crianças!