terça-feira, 16 de outubro de 2012

O dia do (pseudo)batizado


Meninas e meninos (por que não?), conforme combinado esse é o texto do batizado.

Filha querida:
Recebemos você com a alma em festa, vestida de sonhos e esperanças.
Queremos que você saiba que o fato de você não ter saído de nosso útero, não altera o nosso infinito amor por você, pois você nasceu em nossos corações.
Marcamos esse reencontro em tempos imemoriais dos nossos passados, no qual estabelecemos esses 
vínculos de afeto e amor eterno...
Por motivos que nos escapam, você veio a nós por outro caminhos, mas agradecemos a Deus por ter nos guiado nesse percurso, muitas vezes longo e cansativo, mas que finalmente nos levou a encontrar nosso pote de ouro no fim do arco-íris.
Nossa filha!
Hoje enchemos a boca para falar com o coração aos pulos: essa é nossa filha!
O teu sorriso, as travessuras, as gargalhadas, as buscas de colo, os abraços que ganhamos de ti preenchem nossa vida de luz e felicidade!
Gostaríamos hoje de comemorar a sua chegada em nossas vidas e agradecer ao universo por ter conspirado a favor.
Cada elemento da Terra temos hoje representado em seus padrinhos. Cada um simbolizando um elemento tão importante e primordial para que a vida seja gerada.
Água, ar, fogo e terra!
Somente com essa união pode haver vida. E juntos eles a recebem em seus corações e em suas vidas como sua protegida querida e amada.
Teus padrinhos foram escolhidos por serem pessoas tão amadas por nós e por fazerem parte de nossas vidas em todos os melhores momentos. Por sonharem conosco nossos sonhos e secarem nossas lágrimas.
Eles serão sempre para você um exemplo, um apoio e uma referencia de amor e de família. A verdadeira família, aquela que nasce do amor e do respeito cultivado no dia-a-dia.
Filha, confie que eles estarão sempre ao seu lado.
Nós a amamos muito!

Depois pedimos aos padrinhos para em vez de presentes, que trouxessem uma pequena cartinha com um desejo para ela. Claro que todos também trouxeram presentes, mas as cartinhas ficaram lindas demais.

O almoço foi delicioso, o bolo maravilhoso e os amigos fantásticos.

Cada lembrancinha foi feita por nós com muito carinho, como também o convite. Vejam! (fomos autorizadas a divulgar o nome, apesar de que muitos já sabiam rss)

 Convite
Lembrancinha (era uma latinha de metal com mini-confetes).

Essa comemoração foi a primeira festa somente da nossa princesa. E pra nós foi a mais mexeu conosco. Ficamos ansiosas para ver tudo pronto. Preocupadas se daria tudo certo. Felizes quando vimos como ficou. E muito mais felizes de ver o sorrisão lindo da nossa filha quando a festa começou.
Foi perfeito! Maravilhoso!

E pra finalizar do jeito que bem mereceu, colocamos a banheirinha dela lá fora pra ela se esbaldar naquela tarde tão quente.


Beijos,
Cah.

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Dor verdadeira

Basta ler alguns dos meus posts por aqui para perceber que esse espaço me inspira à reflexão. Na verdade não é o espaço em si, várias vezes desabafo em caracteres silenciosos no word só para depois ter o prazer de deletar, simbolicamente tentando também apagar minhas aflições.

Desde o dia 27 de julho estamos de licença do trabalho. Essa "folga" veio depois de uma sequência, creio eu, de uns 4 ou 5 anos sem férias. Ou mais. Assim, com tanta novidade para assimilar, estava ansiosa para poder deixar algumas preocupações de lado, mas confesso que essa etapa da vida mexeu muito mais comigo do que eu esperava. Por um lado, a felicidade de poder ter aquele pouco mais de calma que a vida pede; por outro, o medo de me afastar demais de mim.

Não ficamos paradas um segundo. Tivemos funções exaustivas com médicos, cadastro para retirada de medicamentos, consultas, inclusão da L. nos planos odontológico e de saúde, compras mil, a escolha da escolinha, revezamento de visitas de amigos e parentes que moram longe, encaminhar adoção definitiva... Enquanto isso, zero salários. Adotantes precisam dar entrada diretamente no INSS para receber o benefício, diferentemente de gestantes que continuam recebendo o valor da empresa, que é reembolsada pelo INSS. Falando assim parece simples. Até que você liga e descobre que precisa fazer um agendamento prévio (no meu caso foi para mais de um mês adiante), e que depois de ser atendida pela primeira vez, o seu pedido vai para avaliação e você aguarda uns 40 dias para receber uma carta em casa indicando o dia do pagamento.

"Mas não se preocupe, eles pagam retroativo", foi o que me disseram os atendentes nas mais de duas vezes que estive lá. Pois e como faço para viver retroativo? Pagar as contas retroativo? Comer retroativo??

Sem salário de ambas, eu e a Cah passamos a viver das nossas economias (que obviamente estavam reservadas para outros fins) e do pouco que minha empresa lucra. Hoje, dia 02 de outubro, ainda não recebemos um centavo e não sabemos quando o $$ virá. Por si só, esse assunto já é suficiente para reativar minha gastrite que estava mais para um vulcão adormecido.

Mas além das praticidades (ou falta de), é um pouco angustiante descobrir que você não ganha superpoderes com a maternidade. Aquela paciência ilimitada não existe para seres humanos normais, que se entopem de defeitos no decorrer dos anos. Sentir que você vira mãe e não está melhor do que antes e que aquele defeito horripilante não desapareceu magicamente é frustrante. Eu me tornei mãe assim, cheia de falhas. E isso é doloroso de se perceber. Acho que quando buscamos a maternidade temos muitas expectativas com o filho sim, mas mais ainda com nós mesmas. E todas elas desabam no primeiro castigo que não surtiu o efeito esperado, no primeiro dia que você olha para sua família perfeita e não se sensibiliza tanto assim....

Mas a vida é caprichosa, faz o favor de nos cutucar ou sacudir se preciso. Ontem soube que uma conhecida do trabalho sofreu um grave acidente de carro. Ela tem a minha idade e o filho, que estava com ela no momento, é mais novo que L.

Minha amiga (sobre)viveu ao acidente, mas seu filho não. Ele morreu um mês antes de completar 2 anos.



Lembro do dia em que ela encheu os olhos de lágrimas ao saber da história de L. e disse: "Depois que nos tornamos mães, não conseguimos suportar a dor de saber que existem crianças sem família".

Agora existe uma família sem sua criança. E então descobri que isso dói muito mais.

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Cotidiano

Depois de dois meses de convivência, enfim sentimos o peso e a alegria do cotidiano. Acordar e dormir sendo mães, escolher orgânicos na feira, levar calculadora para o mercado, andar às voltas com toalhinhas sujas de Danoninho, viver em constante conflito: culpa por ter sido muito rígida ou arrependimento por ter sido muito molenga?

Nesse período as mudanças foram gritantes. Mil dentes nascendo e crescendo sem parar, ela aprendeu a falar palavras-chave para sua sobrevivência: beijo (tedo), obrigada (bitada), presente (tedenti), dormir (mimi), mamá (mamá), mamãe (mãe, mamã, mãinnn, mamãeeeeee), cama (nãna), quarto (tato), desculpa (pupa), te amo mamãe (tiamamãe) kkkk E por aí segue seu vasto repertório. Falando em repertório, ela ama cantar e tem um ouvido apuradíssimo. Além das tradicionais canções infantis, ela adora cantarolar as músicas que a gente ouve em casa, as músicas do carro que vende sonho, as músicas das lojas populares, as músicas de campanha política, as músicas da trilha dos filmes, e assim vai. Às vezes uma música que ela ouviu ontem no rádio vai se manifestar no banho amanhã na maior afinação.

Tem dias que L. parece um anjo. Faz tudo o que tem que ser feito, se diverte com tudo, limpa o prato e bate palminhas no final, cantarola no chuveiro, brinca com o gato, inventa um jogo com seu amigo imaginário. Mas tem outros...... Aquela teimosia que só pode ter herdado da mãe Cah (brincando amor rs) deixa a gente de cabelos em pé e não há artigo de internet no mundo que nos diga o que fazer.

Eu e a Cah, sempre brincando de policial bom e policial ruim, revezamos as investidas para que ela entenda que as duas podem ser muito amorosas, mas que ela não vai conseguir de uma o que não conseguiu da outra. Ou seja, aqui a regra é clara: o que uma mãe manda, a outra não desmanda. E dá-lhe choro!

Faz pouco tempo que somos mães, mas nosso coração já se sente inflado, não lembramos mais de como é não tê-la conosco. Hoje finalmente o quartinho dela ficou pronto. Como ela não reage bem com novidades, achávamos que seria um desastre, mas que nada! Ela ajudou a guardar as roupas no armário, se divertiu com a arrumação dos brinquedos e foi dormir sem nenhum estranhamento.

E aí está finalmente uma foto da nossa princesa... Na sua hora da soneca.


Eu juro que ela está aí!

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Pseudo-batizado


“Batizado da nossa filhota

Bem, não é bem um batizado, pois eu sou Kardecista e a Vih não segue nenhuma religião.
É mais como uma festinha de agradecimento a Deus e ao universo que sempre conspirou a favor desse reencontro de almas e corações.
Quem me conhece sabe que não sou muito de falar e nem de me expor, mas sou extremamente protetora com os “meus”. E minha família nesse momento está no ponto máximo desse zelo.
Li muita bobagem quando estava buscando inspiração para criar o texto do batizado dela, bobagens sobre como é caridoso o ato de adotar, como somos boazinhas por termos escolhido uma criança que muitos não escolheriam, e também bobagens do tipo “filha de casais gays nascem carregando o pecado dos pais”.
Claro que na hora fiquei bem brava e depois de desejar que todos terminem seus dias carecas, barrigudos e cheios de coceira resolvi deixar isso de lado e me focar no que tinha decidido fazer. Afinal era ela que tinha adotado duas mães abandonadas e carentes, né amore???

Li alguns textos do grande Chico Xavier, olhei para os olhinhos vivos e atentos da minha filha e veio... Simples assim... Palavras que apenas expressam um pouco do que ela é para nós.

Pedimos aos padrinhos para entregarem seus presentes em forma de pequenos bilhetinhos para ela ler quando estiver maiorzinha.

Convidamos amigos queridos e parentes próximos. Tudo regado a uma boa massa. Encomendei um bolo perfeito.

Pronto... Resolvido! O “batizado-festa” está pronto e a ansiedade para a chegada desse dia só aumenta. 




-- Vou tentar postar o texto do batizado amanhã e a foto das lembrancinhas, que não é porque eu fiz não, mas ficaram bem legais. E claro contar um pouco de como foi.-- 
                     Bjus Cah

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

A Saga da Adoção - A ponta do arco-íris

Os primeiros dias foram tão turbulentos que nem nos demos conta de que havíamos chegado na ponta do arco-íris. O motivo pelo qual fizemos tudo o que fizemos, pelo qual mudamos de cidade e de estado, mudamos de emprego, caímos e levantamos tantas vezes, enfim estava diante de nossos olhos. E ao contrário do que sempre imaginamos, demoramos para perceber e sentir.

Antes de ter um filho, a gente imagina um tipo de sentimento, de emoção. Achamos que vamos agir assim e assado, que vamos pensar tal coisa e conduzir a situação de determinada forma. Imaginamos que seremos totalmente diferente do que foram nossos pais e que nós sim seremos as precursoras de uma educação revolucionária. Eis que o momento acontece e você se descobre sentindo coisas inimagináveis. As dores do coração doem tão forte que tiram o ar (literalmente). As alegrias não são abobalhadas igual vemos nos filmes. Não! Elas são reais, profundas e não laterais. Elas não podem ser confundidas com euforia ou animação. É completamente o oposto disso. Ao mesmo tempo em que ficamos encantadas, habita hoje em nossas mentes um sentido de responsabilidade.

Pois é, nos tornamos responsáveis por uma vida. O significado dessa frase é indescritível. Afinal, aquela coisa da qual fugimos por boa parte da vida agora invade cada milímetro dela. E gostamos! É com prazer que conversamos, eu e a Cah, sobre os rumos da educação de L. É com absoluto amor e felicidade que impomos limites, mesmo sabendo que ela só vê nossa cara carrancuda e chora injustiçada.

Tenho zilhões de acontecimentos para relatar aqui no tocante aos próximos dias. Mas a data está se distanciando e perco a lembrança dos detalhes. Ao mesmo tempo, fico louca querendo contar sobre tudo o que tem acontecido AQUI E AGORA, antes que esqueça também disso. Resolvi então fazer um resumo sobre o fim do estágio de convivência, que durou ao todo 8 dias.

Depois de tomarmos as rédeas da situação, a confiança veio à galopes. Nos fortalecemos e começamos a entender o que tínhamos que fazer ali. É claro que isso tudo teve um preço: ao invés de recebermos a autorização para ir embora na quarta-feira, tivemos que aguardar mais uns dias.

Na última entrevista com a AS, L. era outra criança. E nós, outras mães. Em poucas horas estávamos com a tão sonhada Guarda Provisória em mãos! E junto com ela uma pilha de documentos para posterior encaminhamento da adoção definitiva (vou fazer um post específico sobre a parte burocrática do processo).

Mesmo assim, saímos de lá com uma sensação de que estávamos sequestrando L. rs Enfim ela iria com a gente, não teria mais AS nenhuma por perto, ninguém de olho dizendo o que podíamos ou não fazer. O estágio foi fundamental, mas não há preço que pague esse alívio que sentimos ao final de uma semana de avaliação constante.

Agora era hora de despedidas. Em uma semana de tantas emoções, compartilhamos nossas almas com pessoas especiais demais e nunca vamos terminar de agradecer. Lore e Lu, vocês mais do que nos hospedaram, vocês nos receberam de verdade. Nós chegamos lá, nos instalamos na casa de vocês, carregamos cada cômodo com nossas angústias, nossos medos e musiquinhas chatas, e vocês ainda tiveram fôlego para nos oferecer o ombro quando mais precisamos. Antes disso, nos conhecíamos muito pouco, mas agora as sentimos tão íntimas e tão próximas que parece que estão aqui do ladinho.

Aliás, esse é o melhor da amizade. Saímos dos braços delas para cair nos de outras duas pessoas excepcionais: Piu e Ceci. Depois de acompanhar de longe todo o fuzuê, suar frio quando tememos desistir de tudo, por fim só havia uma coisa a fazer: a viagem não seria completa se não passássemos em JF para dar aquele abraço apertado. E assim fizemos: exaustas, mas completas, saímos de BH e fomos à Juiz de Fora na sexta à noite.

O tempo que passamos lá foi curtíssimo, mas suficiente para realizarmos um sonho que, confesso, eu não imaginava que se concretizaria com tamanha perfeição: o sol fraco desperta o sábado para que pudéssemos ver L. e Mariah juntas! Nem todo o cansaço do mundo apaga o valor inestimável desse encontro. Por isso agradecemos imensamente a vocês também, nossas queridas amigas que estiveram ao nosso lado nas horas ruins e com as quais temos o prazer de curtir todas conquistas!

No sábado à noite, mais precisamente às 23h30, chegamos em casa com o nosso pote de ouro. A partir daqui, iniciamos uma nova a aventura: a maternidade vivenciada.

domingo, 26 de agosto de 2012

Nossas descobertas sobre você!!!

-- Interrompemos a programação da novela "A saga da adoção" para apresentar cenas dos capítulos futuros. --


A nossa filha ama banana e não gosta de morango.
Adora suco de laranja e detesta suco de manga (mesmo coado).
Ela ama brinquedos de montar e não dá muita bola para pelúcia, a não ser que eles interajam com ela como o pintinho gigante que pia.

A nossa filha adora desenhar, mas não liga para massinha.
A nossa filha pára o que estiver fazendo para começar a dançar e cantar quando ouve qualquer música (temos que evitar que ela ouça música ruim... hahahaha).


Existem 3 palavras mágicas pra ela: Passear, Banho e Presente.
Ela tem um sorriso muito doce e calmo quando acorda.
A nossa filha sempre dorme agarra em seu carneirinho azul.


Adora trocar de roupa e arrumar o cabelo. Adora pulseira, colar e brinco (mas as mamães dela ainda não tiveram coragem de levar ela pra furar a orelha).
A nossa filha ama bolinhos, sejam de brócolis, acelga ou chocolate, porém detesta comida seca.
Hoje minha filha já fala mamãe tah e mamãe tih.


Vovó é totó. E dinda é tinta.
Cada descoberta é fantástica. Cada fase é deliciosa.

Enquanto escrevo vejo meus 2 amores dançando.





Acho que não existe algo que me deixe mais feliz!!!


Camila

terça-feira, 21 de agosto de 2012

A Saga da Adoção - Um sorriso

"Ser mãe é se expor a todo o tipo de dor, principalmente o da incerteza de estar agindo corretamente e do medo de perder algo tão amado". (José Saramago)

Eu não sou dada a replicar frases prontas, mas essa aí é tão nossa que tive que compartilhar aqui. Saindo da consulta com a AS naquele dia, aspiramos o ar de nariz erguido, o peito cheio de esperanças. Da minha parte, muita vontade de colocar em prática o que finalmente havia entendido; da parte da Cah, um alívio ao saber que "sim, estamos pegando nossa vida de volta".

E nossa pequena parecia pressentir que o tempo estava mudando. Ela não gostaria nada nada inicialmente, mas quem disse que é fácil ser criança? Logo que chegamos em casa (Lu e Lore, já me apossei da casa em poucos posts vocês perceberam? rs), ela tentou jogar o mesmo jogo de sempre, mas algo não deu certo. O que era? Ora bolas, estou aqui me esgoelando de tanto chorar e elas nem ligam pra mim? Isso não é justo, estou muito brava!! Ah se eu pego aquela AS de jeito ela vai ver só!

Foi assim por uma, duas, três vezes. As meninas chegaram do trabalho exaustas e tiveram que ver o show da L. (ok sei que vocês vão dizer que não se importaram, blablabla wiskas sachê, mas que foi UM SHOW, isso foi!). Ela não entendia por que não estava mais ganhando todos os colos do mundo, e por que tinha que aceitar certas coisas que não queria. A sequência de birras deu lugar ao sono e finalmente pudemos descansar. Minha mãe ligando sempre com uma dica na manga, nos dando mais confiança para fazer o que era preciso - é isso então? Esse é o caminho? "Não existe fórmula filha, mas toda criança é igual, precisa entender o que ela veio fazer no mundo, e precisa sentir confiança naqueles que cuidam dela. Se vocês têm amor no coração, então esse é o caminho sim". Ahhh o conforto do colo da mamãe (mesmo que distante) é insubstituível.

Eis que ela estava certa. No dia seguinte, ganhei um sorriso da minha boneca logo de manhã. Como pode? Até ontem ela não me deixava chegar perto, pensei que iria piorar depois de eu ter colocado de castigo tantas vezes. Mas pelo contrário, as coisas melhoraram muito em menos de 24h. Naquela mesma manhã consegui trocar sua roupinha sozinha, brincar, pegar no colo, e ainda ganhei uns trocados: ela passou a me imitar na hora das refeições, querendo tudo o que eu comia. Assistimos a tudo de boca aberta.

Aquilo me deu ânimo, descobri uma força que não sabia que possuía. E mesmo que nada até então tenha nos distanciado, com essa nova fase eu e a Cah ficamos ainda mais unidas. Passamos a combinar cada passo, discutir sobre como faríamos em cada situação para que L. liberasse seu lado doce e feliz cada vez mais. Imaginar que nossa família ainda era um sonho possível, depois de tanto medo, tanta dor e tanta vontade de largar tudo e voltar pra casa é algo impossível de expressar em palavras.

Estou aqui relatando os primeiros dias de paz de espírito, porque as birras continuaram! Cada vez ela tentava algo novo, relutava ao ouvir um simples não, e quando se empolgava com uma brincadeira e acabava fazendo algo que não podia, a gritaria era monumental. Mas não importava mais, pois ganhei um sorriso naquela manhã. E estava certa de que viriam outros...

terça-feira, 14 de agosto de 2012

A saga da adoção - Começa a maternidade

Bom, esse post demorou um pouco a ser feito por uma razão. Esse período foi muito difícil para mim (algumas de vocês sabem bem disso). Foi difícil relembrar as emoções, as situações que enfrentamos nesses poucos dias (que pareceram muitos). Mas acho que agora sai.

Como já comentei antes, a Cah conquistou nossa gatinha assim que chegou perto. Ela tem um jeito todo mãezona, é carinhosa, tem muito jeito com criança. Eu amo crianças também, e brinco muito com elas. Mas não tenho esse "quê". E tão logo ela se ligou à Cah, tratou de me rejeitar. Se antes ela gostava do meu colo, nesse dia já não dava nem a mão. Se antes pedia para brincar, nesse dia chorava com a minha presença. Não aceitava mais trocar as fraldas comigo, nem dormir, nem tomar banho ou escovar os dentes, não ficava comigo sozinha nem por um segundo.

Isso foi gradativo, como se eu perdesse um pouco de ar a cada minuto até que chegou ao segundo dia de rejeição e eu já estava em frangalhos. Meu emocional picotado, cada não dela era uma dor no meu coração.   E quando falo em dor no coração, não estou usando uma figura de linguagem, doía mesmo. Sentia uma pontada, um peso no peito, um nó no estômago e uma pressão nos ombros. Em menos de 48 horas eu não conseguia falar no assunto sem chorar.

A Cah conseguia tudo dela, e cada sorriso que ela dava - contra a cara fechada que eu ganhava - me feria. Me sentia fracassada, derrotada, frustrada por não poder curtir o momento como a Camila curtia, envergonhada por não conseguir o amor da minha filha, constrangida por estar passando por isso depois de tudo o que havia feito para tê-la conosco.

A Cah também não podia ficar feliz com isso. Ver que eu não conseguia me aproximar mais a fazia ter raiva da situação, e medo de ter raiva dela também. Afinal, nessa altura nós duas tínhamos o verdadeiro vínculo, ainda não éramos três. Éramos duas tentando ser três, nada além disso.

Todo esse sofrimento me encheu a ponto de não poder esconder mais. Lembro do peso de um momento em que ficamos nós duas no banheiro abraçadas, chorando, perdidas, uma buscando apoio na outra, só pensando em desistir de tudo e voltar pra casa.

Tinha que dividir isso com alguém, ou melhor, com alguéns. Queria saber se isso era normal, se eu era louca, se se se.... Corri para a internet, conversei com outras pessoas que estavam em processo de adoção também, passei uma tarde inteirinha de confidências com a Piu (dia inesquecível hein sapa? kkkk). Hoje posso pedir desculpas se a deixei aflita, mas o ombro que eu tanto precisava, encontrei ali. Um momento único que ajudou a aquietar meu coração.

Nossas queridas, extremamente sensíveis e carinhosas, sem poder ignorar tudo o que passávamos no cômodo ao lado, deixaram (sem combinar!) seu recado. A Lu me entregou uma cartinha antes de sair para o trabalho, a qual li três vezes consecutivas porque chorava tanto que engolia umas frases. Logo depois, foi a vez da Lore, que deixou na minha caixa de e-mails palavras escolhidas a dedo, revelando muito mais do que eu esperava saber na vida. Foram lidas aos soluços rs

Bem, de alma leve, mas ainda dolorida, nos arrumamos para a entrevista com a AS. Decidimos abrir os corações com ela, contar tudo o que estava acontecendo. Que alívio termos feito essa escolha. Assim que tive a oportunidade de ficar a sós com ela, desabei. Falei tudo o que sentia, o que estava acontecendo e como tudo isso estava sendo para mim. Me expus mais uma vez, ri, chorei, me desmanchei diante dela, e ela permaneceu com os braços cruzados impecável.

Quando terminei de relatar a novela, ela calmamente me olha e diz: meu bem, ela está te testando!

Hein?

É isso, ela está testando você - repetiu. Ela sentiu sua fragilidade, você ficou no lugar dela e hoje a menina abandonada é você.

Se tudo estava doendo até aí, imagina ouvir isso. Foi um tapa na cara, mas bem dado. E continuou, agora mais como um abraço: os filhos testam o amor dos pais, precisam entender se é real, se é duradouro, se resiste a tudo. Você precisa mostrar que veio para ficar. Ela não te odeia e nem te ama, ela não te conhece! Ela não conhece vocês, está com medo, não conhece o amor.

Eu fui ouvindo tudo com alívio, parecia que finalmente começava a respirar. Terminada a minha "terapia", chegava a vez da Cah, que também levou seu tapinha. Cah precisava proteger menos, mimar menos, dar menos atenção às birras. Resumindo: cometemos o erro das mães de primeira viagem! Só isso.

Como quando a mãe da gente assopra o machucado e diz que vai passar, saímos de lá horas depois rindo pela primeira vez na vida. Sem fazer ideia do que viria a seguir, eis que começávamos uma nova etapa: finalmente a maternidade.

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

A saga da adoção - Abrigo nunca mais

Eu tenho um lado bem pessimista e outro super Poliana, por isso vivo em um conflito interno, ora aceitando a vida com resignação, ora acreditando no final feliz... Ora engolindo amargo a realidade.

E é com essas várias eus que chegamos ao abrigo pela segunda vez no sábado de manhã. No primeiro dia vimos o gramado enorme de grama bem aparada, os brinquedos no jardim, os quartinhos arrumados e limpos, a cozinha bem servida, etc. No dia seguinte abrimos melhor os olhos: vimos crianças implorando atenção, tosse para todo o lado, brinquedos velhos quebrados, pouca gente para dar conta de tanta criança.

Não vamos jamais desmerecer o trabalho feito por lá, afinal a equipe consegue fazer milagres com a miséria que recebe de ajuda. Por mais que as crianças que vão para lá sejam "institucionalizadas", o governo não faz nada por elas, não paga o sustento delas, não dá comida, não dá fralda, não dá nada. Inacreditável!

Bom, mas deixando a indignação de lado, chegamos sábado para buscá-la. Combinamos que faríamos um passeio com ela acompanhadas pela diretora do abrigo e, correndo tudo bem, poderíamos levá-la embora daquele lugar de uma vez por todas. Ao chegarmos, ela estava sentadinha aguardando (sem saber o que) toda arrumada. Estava emburrada, não quis sorrir para nós, mas se deixou levar.

Fomos ao Zoo. Ela não quis participar de nada. Foi com muito custo de mãos dadas com a gente, ficou manhosa, quis colo, chorou um pouquinho, ficou assustada e curiosa com tudo ao seu redor, ela não estava acostumada com novidades. Super compreensível.

Levamos um velotrol pensando que isso a deixaria mais tranquila, mas ela não quis saber e ficamos carregando aquilo a manhã inteira rs Só depois de muito tempo ela deu um mini-sorriso. Começou tímido, escondido da gente, mas foi suficiente para respirarmos aliviadas. Estávamos com tanto medo de ela azedar de vez conosco! Mas ao contrário, mesmo séria ela queria nossa atenção, pegava na mão, aceitava nossos carinhos. Era como se dissesse: "Esperem, continuem tentando, comigo a coisa é devagar".

Depois de horas tentando, se aproximava o horário do almoço. Tínhamos que levá-la embora. Com o coração apertado, o medo de não ficar com ela nos acompanhou até a porta do abrigo. Mas enfim, atravessamos mais essa etapa e nossa pequena deu adeus ao lugar por onde viveu seus últimos (e únicos) dois aninhos! Que orgulho dessa pequena, enfrentou uma das maiores mudanças da sua vida sem deixar uma lágrima cair (ao contrário de umas e outras rs).

Chegamos à casa das titias Lu e Lore com ela no colo e logo providenciamos um almocinho gostoso. O calor era de matar, enquanto ela comia, tirávamos um sapato, uma meia, calça, blusa.... No fim, estava ela pequenininha, peladinha, cabelos soltos, livre como deve ser. Não sei quem das quatro babava mais. Falávamos todas muito baixinho, voz besta, olhos arregalados observando cada pedacinho dela.

Era um começo, o nosso começo. Ela não dormiria mais na mesma cama, não veria mais os mesmos rostos, não comeria mais na mesma mesa nem tomaria banho no mesmo banheiro. Naquele dia, nossa guerreira tomou seu primeiro banho de chuveiro como uma mocinha. Completamente muda, sem dar qualquer sinal de estar gostando ou não - mas sem chorar. Concluímos que foi bom.

Vontade enorme de dizer que tudo bem ficar com medo, nós também sentimos. A vida dá medo, mas é uma delícia quando entramos de cabeça.

domingo, 5 de agosto de 2012

A saga da adoção - O primeiro olhar

O plano deu certo. Viajamos horas e horas sem fim no nosso calhambeque 1.0. Fizemos uma única parada para comer e seguimos viagem, a euforia fazendo sumir a dor nas costas, o sono, o cansaço. A Cah, que sempre dorme tão fácil, ficou acordada cantando todas as músicas do nosso repertório para que eu não dormisse. Desse jeito chegamos em BH às 4h30 da madrugada de uma sexta-feira.

Nós íamos nos hospedar na casa das nossas amigas queridas Lu e Lore (Em Cores Almodóvar), mas vamos combinar que chegar na madruga no meio da semana batendo na porta é forçar a amizade né? Então paramos em um posto de combustível 24h, tomamos um café, encostamos o banco do carro e.....zzzzzzzZZZZZZ

Um cochilo de 1 hora e lá fomos nós para a entrevista com a AS marcada para as 8h da manhã. Desgrenhadas, sonolentas, amassadas, assim chegamos à Vara de Infância e Juventude. Como ela ainda não havia chegado, corremos para o banheiro para escovar os dentes, pentear os cabelos, trocar de blusa, lavar o rosto rs

Na entrevista, a AS aproveitou para nos conhecer um pouco melhor e também para falar mais sobre a menina. Nos deu algumas orientações sobre como deveríamos agir nesse primeiro contato e lá fomos nós conhecer a razão das nossas vidas.

Estranho falar assim: "conhecer a razão das nossas vidas", pois o primeiro olhar soou mais como um reencontro, um "até que enfim". Ao chegar ao abrigo, inicialmente não vimos as crianças, fomos ao escritório  conversar com a diretora do espaço. Espertinhos, eles deram um jeito para que nossa princesa passasse pela porta.... Foi eu virar para vê-la e desabei no choro LI-TE-RAL-MEN-TE.

Ok ok, eu tenho muito sangue italiano correndo nas veias, eu chorei no meu casamento, choro quando o cachorro morre no filme, choro quando vejo propaganda de dia das mães. Mas aí a coisa foi mais embaixo: eu fiquei sem jeito pela minha própria reação, a Cah me olhava com os olhos vermelhos, tentando segurar a onda. E eu recorrendo aos pensamentos mais absurdos para conter os soluços (sim, soluços) e manter a pose. A AS já tirou um lenço da bolsa e fiquei rindo e chorando ao mesmo tempo, comovida e envergonhada, sem saber o que falar.

Quando me acalmei, fomos até as crianças. A Cah liberou seu lado mais animado e conquistou a galera. Eu fiz mais o papel de cabide de criança nesse momento - não da nossa, mas de todas no recinto.

Eis que nossa pequena percebeu que a coisa era com ela. E foi se deixando aproximar devagar. Ela não era igual aos outros, ela precisava ser conquistada, era especial. No olhar dava pra ver seu gênio forte, mas no sorriso foi se revelando uma delicadeza impressionante. Um pouco frágil sim, mas mais do que isso, sutil, leve, miúda, sensível.

Ela se aproximou porque quis, porque ficou curiosa, achou divertido. Mostrou que gosta de música, pediu comida na boca, fez carinho na gente, pediu para ir lá fora, brincou conosco no escorregador, se deixou pegar no colo, riu, riu muito. E dormiu embalada por nós o soninho da tarde, o primeiro que vivemos com ela.

Às 14h já estávamos indo para a casa das meninas para descansar. Sem palavras para descrever, esse dia caiu como chumbo em nossos corações. Sentimos coisas que jamais sequer pensamos sentir, ficamos apaixonadas, falando dela por horas e horas. Sabíamos quantos dentes ela tinha, quantas vezes ela sorriu, que palavras conseguiu dizer. Tudo, simplesmente tudo ficou gravado.

As titias Lu e Lore esperavam notícias e seguimos noite a dentro compartilhando cada detalhe ignorando o sono que tomava conta à essa altura. A notícia boa foi além dessa manhã incrível: recebemos a autorização para tirá-la do abrigo no dia seguinte!!

Com esse gostinho na boca, dormimos exaustas.

terça-feira, 31 de julho de 2012

A saga da adoção - Parte IV

Tão logo tomamos essa decisão, não tínhamos ideia do quanto as nossas vidas mudariam e, muito menos, que mudariam tão rápido. Enviamos nossos dados para a Vara da Infância e no dia seguinte já nos ligaram para passar as informações.

Estou dirigindo, toca o celular. Atendi, era a AS. Parei o carro de qualquer jeito e fiquei falando com ela sobre cada detalhezinho do processo, o que teríamos que fazer, o que teríamos que providenciar a partir daí... Ela falou: arrumem as malas e venham o quanto antes!

Hein?? Aí foi um corre-corre danado. A Cah começou a passar mal nesse dia e o estômago só aquietou ontem rs Passamos o resto da noite tentando achar passagem com bom preço para daí a 5 dias = IMPOSSÍVEL. Ao mesmo tempo, é inverno de lascar por aqui. Temos que comprar jaquetas, cobertores, calças compridas, sapatos, botas? Não fazíamos ideia do que comprar, então fomos ao mercado mais próximo ver preços de fraldas, chupetas, mamadeiras. Depois ao shopping comprar pijaminhas, sapatos, etc. Sabia o tamanho das roupas dela, mas não entendia como ela podia caber naquilo. Ficávamos em dúvida, tudo era lindo, tudo era tão novo. Decidimos comprar o básico e depois providenciar o restante com ela.

Um parênteses aqui para as duas alucinadas revirando um balaio de pantufas para encontrar o outro pé da abelhinha. Pagamos cofrinho, deitamos no chão, mergulhamos fundo... E gritamos UHUUU quando achamos.

E o quarto? Berço ou cama? Chamamos nosso personal marceneiro para dar um help, encomendamos armário e cama com proteção (assim usamos por mais tempo). Enquanto os móveis não ficavam prontos, ajeitamos o quartinho com o que tínhamos para que ela ficasse confortável. E o resultado foi muito legal: dois colchões forrados com uma colcha floral, algumas almofadas para decorar a caminha, bichinhos de pelúcia de todo o tipo, uma estante de briquedinhos, um baú, espelho, cortina e tapete felpudo. Deu vontade de dormir? Foi aprovado.

Esses 5 dias se passaram em meio a um turbilhão de sentimentos, pensamentos... Não sabíamos se devíamos avisar a família e os amigos "e se der errado?". Ao mesmo tempo, era impossível não falar sobre isso, era nosso único assunto. Às vezes batia medo de dar errado, às vezes nos achávamos malucas pela ideia de ter um filho assim tão rápido... As perguntas, os anseios, os sentimentos todos eram tão grandes que não cabiam mais dentro do peito.

Então explodimos. E saiu pra todo lado. Contamos para muita gente e deixamos as vibrações positivas nos ajudar a diminuir a ansiedade.

Seguimos tentando encontrar passagem até o último segundo. Como ela já tinha 2 anos, pagava passagem, então a volta era com ela. Mas não tínhamos certeza da data da volta, então teríamos que comprar na hora. Fora isso, os horários não batiam com o que queríamos, os preços subiam ao invés de descer... Foi quando, nos 45s do segundo tempo decidimos ir de carro. Ufa! Problema 1 resolvido! Agora teríamos que providenciar cadeirinha de transporte, DVD para a volta, GPS para as loucas perdidas, mais um dia de folga dos empregos.

Mas quando é para dar certo, a coisa funciona. Ganhamos a cadeirinha, encontramos GPS e DVD baratim baratim um dia antes da viagem, traçamos nosso plano ninja de viajar 11h sem descanso e, enfim, o grande dia chegou!

segunda-feira, 30 de julho de 2012

A saga da adoção - Parte III

Enterrar a história de F. e S. não foi nada fácil, ainda mais porque dependeu de uma decisão - dessas que a gente nunca pensa que vai ter que tomar na vida.

Depois do susto que tomamos do advogado, que quis nos cobrar uma fortuna para fazer o pedido de adoção dos meninos, saí caçando todas as pessoas que conhecia na internet para tentar achar alguma solução. Falei com amigos, colegas, até meros conhecidos poderiam nos ajudar. Nesse desespero, falei com uma advogada que conheci no grupo de adoção pedindo um help.

Eu nem lembrava, mas ela era a pessoa que havia nos indicado a menina de dois anos. Bem como quem não quer nada, ela falou novamente sobre a bebezinha e naquele momento meus ouvidos ligaram diretamente para o coração. A situação a seguir foi cômica: eu e a advogada conversando no bate-papo do Face, enquanto a Cah esperava as informações no bate-papo do Gmail.

Falamos sobre tudo, sobre tudo relacionado a ela, sobre o medo de ter que fazer uma escolha desse tamanho. No fim da tarde conversamos muito, à noite choramos e conversamos mais. Enfim, decidimos pelo que nosso coração mandava: iríamos ficar com ela!

Não tenho palavras para descrever o que sentimos. Por um lado, os meninos não sabiam que nós os queríamos, por mais que eles tenham participado dos nossos sonhos, tomamos o cuidado de não envolvê-los em nada antes de qualquer definição da justiça. Assim, nosso coração foi se aquietando. Forcei não pensar neles para não doer, e ao mesmo tempo torcer muito para que alguém apareça para adotá-los junto com a irmã. Eles não merecem mofar no abrigo por conta de uma decisão fria do juiz.

Por outro lado, a ideia de que ao invés de dois meninos teríamos uma menina em casa, e toda bebezinha.... Ah isso aqueceu nossos corações! Parecia mais real, mais perto, ao alcance das mãos!!

E assim começou o que seria o próximo capítulo da saga. Prometo que vou voltar rapidinho para contar dessa vez rs

sábado, 14 de julho de 2012

A saga da adoção - Parte II

Uma das mil coisas que aprendi nessa jornada é que para as coisas acontecerem, é preciso ter o coração e a mente abertos. A bebezinha ficou na minha cabeça por bastante tempo, mas meu coração aceitou que ela não seria nossa e partimos para outra. 

Tão logo nos desconectamos dessa história, soube que haviam dois meninos disponíveis para adoção no interior de MG - o S. de 4 anos e o F. de 6. Estavam totalmente fora do nosso perfil do CNA (que é de até duas crianças de 0 a 4 anos), mas nos olhamos e sorrimos: decidimos que sim. Não foram os primeiros a aparecer, nesse meio tempo nos procuraram para falar de um menino de 4 anos, mas ele tinha um problema gravíssimo de saúde, não interagia, não andava, não comia sozinho, não falava. Tivemos que dizer não, e ele continua lá esperando alguém.... Outra vez nos ligaram falando sobre uma menina de 2 anos HIV+, mas a essa altura já estávamos decididas a adotar S. e F.

Entrei em contato com a AS da vara local, pareciam todos muito dispostos a ajudar. Logo obtive o telefone do abrigo onde eles estavam! Passamos a ligar diariamente, cada dia aprendendo um pouco mais sobre nossos meninos. Já sabíamos que S. era muito esperto, aprendia tudo rápido; e F. sabia ler e era inteligente, dedicado. Eram carinhosos, grudadinhos um no outro. Passavam o dia na creche e na escola, voltavam, comiam, tomavam banho e cama. Dia seguinte, escola tudo de novo. Essa era a vidinha dos meus pequenos, e eu ansiava em tirá-los logo de lá.

Tudo estava indo tão bem!! Já contamos para os amigos mais próximos, compartilhamos histórias dos dois, sonhamos com eles em nossas vidas, pesquisamos escolas, buscamos sinais que poderiam provar tudo isso, e encontramos vários. Piu bem sabe disso né? rs Ela, que sempre dizia que adotaríamos dois meninos, que o mais velho teria 6 e o mais novo se chamaria S. Outra amiga, a Célia, que há meses mantém a convicção de que adotaríamos em julho. LOU-CU-RA!!

Mas eles têm uma irmã mais velha, a R. de 12 anos. Por mais que a decisão inicial do juiz era de separá-la deles para facilitar a adoção, a história começou a mudar. A AS dizia que talvez não os separassem, que talvez eu devesse pensar em adotar a menina também.

Não. Isso está errado. Em semanas conseguimos nos sentir culpadas pela situação de 3 crianças que só estão lá até hoje por culpa de uma justiça burra, lenta e sem nenhum interesse no bem-estar da criança. A Cah começou a ficar com medo, eu também. Tivemos dificuldade em conseguir um advogado que não nos enfiasse a faca no estômago para fazer uma simples petição. O medo aumentou. E nossa tristeza também.

Nesse processo conhecemos a Camila, que está adotando uma menina nesta mesma comarca. A situação dela se arrasta há 3 meses e tem previsão de demorar mais. Camila sofre, e nós sofremos junto. Por ela e por nós, por essa muralha gigantesca que se chama justiça brasileira.

Mas toda história pede um final feliz, quem sabe nos próximos capítulos?


quarta-feira, 13 de junho de 2012

A saga da adoção - Parte I

Tem muita coisa acontecendo deste lado de cá do arco-íris. E nem sempre consigo organizar as ideias para contar para vocês, sem falar que às vezes bate uma insegurança absurda do tipo que dá medo até de comentar pra não dar errado. E assim o tempo vai passando e eu deixo o NPAI às moscas. Por isso agora resolvi contar todos esses últimos acontecimentos bombásticos em partes! Vamos fazer disso uma novelinha mexicana daquelas.

Ainda no ano passado entrei na comunidade (é, do Orkut mesmo, ele ainda existe acreditem se puderem) do GVAA - Grupo Virtual de Apoio à Adoção. São voluntários e Assistentes Sociais que se propuseram a fazer algo para a fila andar. Com a devida autorização das Varas de Infância de suas comarcas, eles divulgam crianças que estão aptas à adoção, principalmente as de perfil mais difícil - ou seja, dessas que ninguém quer. Assim, se você tem um perfil um pouco mais amplo, o GVAA pode ser uma ótima oportunidade de encontrar seu filho pela famosa Busca Ativa.

Nosso perfil não é lá tão diferente da humanidade, salvo por aceitarmos crianças HIV+. Assim, logo que cadastrei nosso perfil de habilitadas na comunidade recebi um e-mail falando sobre uma bebezinha soropositiva que talvez estivesse para adoção no RJ.

Meu coração foi à boca, ela tinha que ser minha! Não sabia nada sobre ela, e a pessoa que me indicou reclamava que eu tinha que estar inscrita no CNA - mas que ainda não estava. Como não estava? Se já estava habilitada e tudo?? Pois é, não estava. O processo demora muito mais do que imaginávamos. Eu entrava no site do Projudi e lá estava nosso processo suspenso aguardando isso, suspenso aguardando aquilo, ativo mas encaminhado para sei lá qual setor... Aflitas ao cubo, começamos a importunar a querida AS da nossa comarca, explicando toda a ladainha. Alguns dias depois, entendendo nossa angústia ela conseguiu autorização da juíza para fazer o cadastro no CNA.

Tão logo isso foi feito, avisei a pessoa que me indicou a bebê certa de que era só isso que faltava. Bééé resposta errada!! Na definição do laudo da menina, encontraram a maldita mãe. Depois aparece o pai. E assim foi ladeira abaixo nossa primeira idealização de filho...

FIM da primeira parte.


sexta-feira, 25 de maio de 2012

Dia Nacional da Adoção e seus clichês

Com a esposa em casa eu fico meio fora do ar, trabalho até mais tarde, acordo mais tarde, uma bagunça. Hoje escorreguei pra fora da cama só lá pelas 8h e pouco, em tempo de ligar a TV e acompanhar a matéria sobre o Dia Nacional da Adoção - que no caso é hoje.

Eu sempre assisto e leio essas reportagens, mas confesso que o discurso mergulhado em clichês me entedia. Toda vez é a mesma ladainha, as crianças se acumulam nos abrigos, os adotantes se acumulam na fila e a culpa é sempre do perfil. É bem verdade que as pessoas continuam querendo sim crianças menores, insistem em fazer distinção de etnias, não querem ter problemas com doenças, etc. Mas convenhamos, estamos fartos de saber que a MAIOR responsável por essa situação lamentável é a nossa querida justiça cega, manca, surda e autista.

Para "comemorar" o dia da adoção, eu deixo aqui o link de uma matéria que eu fiz para a Revista Contato (aquela que comentei aqui) do Conselho Regional de Psicologia do Paraná, onde trabalho. Lá eu falo sobre a espera, sobre o papel do Psicólogo e sua relevância no processo, blá blá blá. Então, a quem interessar possa: http://www.crppr.org.br/revista/contato.php?edicao=81

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Habilitadas!

Vocês lembram que comentei no outro post que a juíza estava de férias e só daria a sentença no final do mês? Pois bem, hoje, 96 dias após nossa inscrição no Processo de Adoção saiu a sentença.... estamos HABILITADAS!!!

A tal juíza está ainda de férias, mas quem deu a sentença foi uma juíza substituta. O processo em São José dos Pinhais foi incrível: rápido, fácil, acessível... Fomos respeitadas enquanto casal homoafetivo, não encontramos barreiras do início ao fim! Gentes, estou grávida, nem acredito!!

Ontem a Camila fez uma cirurgia, fiquei o dia inteiro angustiada no hospital. Hoje mais um dia de correria, ela recebeu alta mas precisa de acompanhamento 100%, eu sempre igual a uma pata seguindo-a por todo o canto da casa rss Ao mesmo tempo, trabalho acumulando e internet querendo cair... Nunca imaginei que receberia essa notícia num dia calamitoso desses. Minha felicidade agora já não cabe no meu coração.

Bem, aguardo a chamada da juíza para receber a  sentença pessoalmente. Um beijo a todas!

terça-feira, 8 de maio de 2012

Bendita pulga!

Ontem acordei com uma pulga atrás da orelha. Ok, não vou negar que não há um dia sequer nessa vida que eu não pense uns instantes sobre o processo de adoção, sobre a FIV... Mas ontem foi diferente, já pulei da cama encasquetada, com o coração lá nos meus filhos. Tomei café fazendo as contas de quanto tempo ainda faltava para agosto, pensando em tudo o que poderíamos fazer para matar esse tempo sem tanta ansiedade... E assim esse assunto ficou, tal qual uma nuvem sobre a minha cabeça.

Lá pela metade da manhã, liga uma colega de trabalho contando que a filha de uma amiga sua havia chegado. Uma menina de 1 ano e meio por meio da adoção. Palavras dela: "Viu Vivi, a fila está andando! Logo logo chega a sua vez". Pronto. E eu que me irrito comigo mesma por entrar diariamente no site do TJ para constatar que meu processo já chega ao 87º dia sem novidades desde a entrevista, me vi diante do computador acessando novamente. A cabeça se dividia entre "Entra que hoje tem novidade!" e "Ih vai ser a mesma coisa de sexta passada, quinta, quarta.... não adianta nem entrar". E lá estava a pulga: já foram emitidos os dois pareceres favoráveis à nossa habilitação!! Imaginem um ser quase chorando só de ler isso rs

Estava anexado ao nosso processo o parecer da Assistente Social, linda e querida que nos descreveu praticamente como o casal modelo 2012, e também o da Procuradora da Justiça, com outro simpático e empolgante relato! Eis alguns trechos:

"Observamos que o casal costuma tomar suas decisões com planejamento e organização e em comum acordo. A adoção faz parte dos planos da família e demonstram que estão no momento ideal para serem mães. Face ao exposto, concluímos que as requerentes estão aptas para a acolher uma ou duas crianças em adoção."
"Em estudo social realizado nos autos, as requerentes alegam que o fato de formarem um casal homoafetivo não irá criar dificuldades para cuidarem de seus filhos, uma vez que possuem o total apoio da família, bem como são aceitas por todas as pessoas da convivência."
"O estudo informa que as requerentes participaram da entrevista de forma aberta e dispostas a revelar a convivência estável e estruturada estabelecida, assim como a motivação positiva que possuem para adotar. Conclui que  as requerentes estão preparadas e possuem disponibilidade afetiva para adotar uma ou duas crianças."


Imediatamente mandei e-mail para a Assistente Social, queria saber o que faltava agora para concluir nossa habilitação. Ela disse que a juíza está de férias (fué fué fuééé), mas que retornará no fim do mês e então dará a sentença. Envolvidas com a compra da casa, mudança e etc, maio precisa voar!

Nota mental: confiar no sexto sentido é recompensador, continue assim.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

A ordem dos fatores

Quem acompanhou o blog desde o início sabe que eu e a esposa tínhamos uma lista bem virginiana a seguir. E também sabe que determinados acontecimentos atravessaram essa lista sem piedade fazendo de tudo o que planejamos uma grande bagunça. Foi quando pedimos nossa carta de alforria e decidimos seguir a vida como a vida se apresenta. O curioso é que percebemos que, com ou sem lista, as coisas foram acontecendo, cada uma no seu tempo e com suas surpresas, por isso resolvi que era hora de fazer um balanço.

- Parei de fumar (11 meses)
- Aprendi a dormir 7 a 8 horas por noite
- Voltei a ler - mesmo que devagar
- Reduzi (um pouco) o ritmo de trabalho
- Não trabalho mais aos sábados e domingos (salvo exceções)
- Conseguimos acertar o despertador e acordar sem grandes atrasos
- Começamos a tomar café da manhã com frutas TODOS OS DIAS (a maior vitória)
- Estamos aprendendo a acabar com as discussões cada vez mais rápido
- Tiramos dois dias de folga e assistimos ao por-do-sol na praia
- Adequamos a alimentação da Cah (explico lá embaixo)
- Agora a super conquista: compramos nossa tão sonhada casa (!!!)

O filho ainda não veio, mas sinto que esse tempo foi crucial para que nós amadurecêssemos como casal e também individualmente. Ter um filho vai além do desejo de ser mãe, é preciso encontrar espaço em nossas vidas, adequar as coisas, melhorar os hábitos, etc.

Amanhã vamos buscar a chave da casa nova e então contamos 30 dias para a mudança. Nesse meio tempo, a Camila vai fazer uma cirurgia, o que me deixa um tanto quanto nervosa rs Acontece que depois de tantas idas e vindas aos médicos, ela descobriu que tem intolerância à lactose e também alergia ao leite. Como ela nunca soube disso, passou a vida consumindo algo que, para o corpo dela, era veneno. Resultado: provocou uma inflamação enorme entre o estômago e o esôfago e vai ter que operar. O médico fala que é um procedimento de rotina. Rotina para ele né bem?

Agora a correria é imensa, o que é bom, já que o processo de adoção chega ao 74º dia completamente às moscas. Falando nisso, a matéria para a revista do Conselho ainda não saiu, depois deixo o link aqui.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

O lado ruim

Nem todos aqui sabem, mas um dos meus trabalhos é escrever para a revista do Conselho Regional de Psicologia aqui do Paraná. A publicação é bimestral e sempre traz discussões relevantes sobre temas que estão na mídia, mas com o ponto de vista do psicólogo. A próxima edição será publicada em maio/junho, época em que acontece o ENAPA - Encontro Nacional dos Grupos de Apoio à Adoção. Aproveitei, portanto, para fazer uma matéria especial sobre o assunto.

Para tal, conversei com diversas fontes, incluindo uma psicóloga que trabalha há muitos anos no MP do Paraná, especificamente nesta área. A cada minuto de conversa, meu lado profissional ficava mais satisfeito e meu lado pessoal mais angustiado. Concluí a entrevista convicta de que meus filhos vão demorar - e muito - para chegar. E não porque eu escolhi um perfil específico, é bem aberto até, mas porque simplesmente não existe quase nenhum interesse por parte da lei em fazer essa relação acontecer.

Foi angustiante constatar que a justiça está invadindo a vida privada sem dó, padronizando uma sociedade com leis absurdamente burras e o resultado disso é: crianças mofando nos abrigos completamente abandonadas pelo Estado e casais iludidos esperando em uma fila inacreditavelmente imensa, tendo que confiar na justiça porque, afinal, que outro jeito?

Respostas que ouvi: "Não, o CNA não funciona como deveria. Quem está inscrito em Curitiba, não vai ser chamado na Bahia"; "O processo de destituição do pátrio poder leva no mínimo um ano - durante esse tempo fica-se tentando achar familiares que queiram a criança - levando em consideração que existem muito mais crianças abrigadas do que profissionais trabalhando por elas, esse UM ANO vira facilmente 2, 3, 4 anos"; "A adoção é o fim da linha, a exceção. Algumas crianças simplesmente não vão a lugar algum por determinação da justiça"; "Não importa mais se você abre ou fecha o perfil, a fila existe e está atrasadíssima"; "Muitos finais felizes só acontecem porque existem profissionais interessados em fazer a diferença, se depender simplesmente das leis e do sistema, a coisa realmente não anda".

É claro que ouvi MUITO MAIS e não vou relatar tudo aqui. Cheguei em casa exausta, triste, desanimada. Saber de tudo isso da boca de alguém que está a vida inteira trabalhando por essas crianças é doloroso, me faz pensar que meus filhos nunca virão.

Quando a revista for publicada eu passo a matéria pra vcs.

sexta-feira, 30 de março de 2012

Finalmente, chegou o dia da entrevista

Ontem foi o tão aguardado dia da entrevista. Estávamos num estado de ansiedade tão grande que na última meia hora de espera já nos encontrávamos lá, sentadinhas de frente para a sala da equipe técnica tendo crises de riso. Nos arrumamos, passamos lápis no olho, batom, ajeitamos o cabelo, lemos e relemos tudo o que escrevemos em nossos questionários. Um nervosismo só!

Até que a assistente social nos chamou. Não conhecemos nenhuma psicóloga, e pelo que entendemos não terá outra entrevista. Foi só isso mesmo: eu, a Cah e ela. Não fiquei muito à vontade, mas talvez por minha própria tensão, afinal tudo correu muito bem.

Ela fez perguntas sobre nosso relacionamento, sobre quando nos casamos, como é a relação, o que gostamos de fazer nos dias de folga, como é o nosso trabalho, como sentimos uma na outra essa vontade de ser mãe, quando surgiu o desejo de adotar, etc. Senti que não caiu muito bem a história de continuarmos querendo engravidar, o que me surpreendeu. Afinal, estamos dispostas e sabemos que temos condições de ter mais de um filho, pq o desejo de engravidar da Cah poderia atrapalhar em algo?

Bem, quando acabaram as perguntas dela, começamos as nossas rs Não foi muito animador: ela disse que atualmente não tem nenhuma criança disponível para adoção em São José e que eles estão fazendo pouquíssimas adoções. Comentou que no ano passado finalizaram apenas cinco adoções e que estão ainda chamando famílias de 2007 e 2008 neste ano!!! Apavorante.

Ou seja, o tempo de espera vai ser mesmo LONGOOOO independente de termos um perfil mais aberto.

Outra coisa irritante: lembram que comentei no post anterior sobre o parecer da juíza sair só em julho?? Pois para nós ela falou que seria em agosto. Meses de espera por um "habilitadas". Ela disse que tem uma pilha de processos a serem analisados no Ministério Público e por isso tanta demora. Pra gente que até agora fez tudo tão rapidinho, ficar esperando a resposta vai ser angustiante.

Ai ai... Agora tenho que descobrir como vou fazer para preencher esse tempo que começa a se arrastar. Saímos da entrevista, que durou pouco mais de duas horas, e nos sentimos esgotadas. Eu estava cheia de trabalho, mas quando cheguei em casa só consegui desmaiar na cama, energia zero. Não sabemos ainda o que pensar disso tudo, nos achamos chatas, repetitivas, neuróticas, mas talvez tenha sido só impressão, afinal ela comentou que o parecer dela será favorável para nós, pois não encontrou nada "errado".


domingo, 25 de março de 2012

Terceiro Encontro - Projeto Romã

É impressionante o que somos capazes de fazer por uma declaração de 100% de aproveitamento do curso. O terceiro encontro, que era o que eu mais aguardava já que o tema era deveras interessante, no fim foi frustrante e altamente tedioso.

A psicóloga que deu o curso sábado era simpática, pobrezinha. Realmente ela estava se esforçando para fazer aquilo tudo funcionar, só que acho que o esforço estava indo para o lado errado. Para começar, acho que ficamos praticamente uma hora naquele silêncio constrangedor cada vez que ela perguntava "o que vocês esperam? vamos pessoal participem, me contem sobre o que vocês pensam sobre isso e aquilo". Me senti na escola, quando a professora quer ouvir "o que os alunos acham" e NINGUÉM está disposto a falar.

Não satisfeita, ela seguiu encontro adentro nessa linha professoril. Aquilo foi causando uma irritação tão grande   que foi preciso um esforço sobrenatural para me manter presa à cadeira. E assim se arrastou a manhã do dia 24. Passamos mais de uma hora falando sobre "contar ou não contar que o filho é adotivo", assunto que, da minha parte, é mais do que desnecessário. É antiquado e novelesco.

Também passamos um bom tempo divagando sobre o sentimento de adotar e sobre o que uma criança pode sentir ao chegar em um novo lar. Novidades zero. Em dado momento, já nos reuníamos em pequenos grupos de fofoca, todos ficaram desanimados com a fraquíssima exploração do assunto (não sou a única ranzinza ok? rs).

No final, preenchemos um questionário sobre o curso e recebemos o certificado de participação. Agora temos que levar o documento até o fórum para que eles o anexem ao processo.

Bem, como minha expectativa sobre o último encontro foi brutalmente assassinada, agora aguardo ansiosa pela entrevista na quinta-feira. Detalhe: pelo que percebi no sábado, nós ficamos para o final da fila da assistente social, visto que a maioria dos casais foi entrevistado na semana passada. Tentei sondar o pessoal e acabei ouvindo uma coisa que não gostei: parece que o "habilitados" será dado apenas lá pelo mês de julho.

Julho?? Humpf.

quinta-feira, 22 de março de 2012

Nós e as filas

Se existe algo que pessoas ansiosas odeiam é fila. E nós tivemos a capacidade de entrar em duas!

Primeiro, a "fila" da adoção, na qual ainda nem chegamos. Agora, a fila de ovodoação.

Estivemos hoje na clínica Androlab para concluir os procedimentos de cadastro como ovodoadoras. A Camila teve que preencher um questionário básico e inserir uma foto sua de cara lavada, na qual estivessem claras as características da pele, cabelo e olhos. Essas informações são sigilosas e a receptora não terá conhecimento. O que a clínica faz com isso é um cruzamento de informações para encontrar doadoras compatíveis.

Aliás, tudo nesse processo é bastante sigiloso. Ao sermos contatadas para realizar o processo de ovodoação - e, consequentemente, nossa FIV - não teremos conhecimento sobre a receptora, nem ela sobre nós. Não poderemos saber se ela engravidou ou não, nem de onde ela é.

Algumas receptoras vêm de outros países, tamanha é a dificuldade de conseguir uma doadora. Assim, não temos qualquer estimativa de tempo de espera, não sabemos se vamos esperar um mês ou um ano. A única coisa animadora que ouvimos foi que o perfil da Cah é bastante comum, em termos gerais, o que aumenta um pouquinho as chances de conseguirmos uma receptora compatível mais rápido.

Bom, agora voltamos para a novela Adoção. Sábado é dia do último encontro. Voe tempo!!

segunda-feira, 19 de março de 2012

Empurrando com a barriga

Eu sempre tive o péssimo defeito de empurrar tudo com a barriga. Meu lema é "por que fazer hoje o que podemos fazer amanhã?". Não satisfeita, ainda reforço: "por que fazer amanhã se a gente pode dar uma enroladinha e concluir tudo depois de amanhã bem cedinho?".

Mas antes que alguém jogue pedras, aviso: não é nada fácil ser assim! Não é uma decisão, é algo como uma bactéria agarrada aos meus neurônios que vai se multiplicando na medida em que os anos passam, tornando cada vez mais difícil essa arte de concluir uma tarefa.

Pois o destino, se fosse uma pessoa, trabalharia no elenco de Zorra Total, tão imenso é seu senso de humor canastrão. Acontece que nossa entrevista com a assistente social da Vara da Infância, que estava marcada para o dia 28 de março, foi remarcada para 29. Enquanto isso, a consulta na Androlab sobre o cadastro de ovodoadora que estava marcada para amanhã, dia 20, foi remarcada para o dia 22.

Isso é um teste?

segunda-feira, 12 de março de 2012

Segundo encontro - Projeto Romã

O segundo encontro foi, de longe, muito mais interessante e útil que o primeiro. O palestrante da vez foi o advogado José Carlos Marinho, presidente e fundador do Projeto Romã. Ele levou a família toda - a esposa e as duas filhinhas adotivas.

Começaram contando a história das duas adoções. Apesar de eles não serem do tipo emocionais - contaram de forma bastante simples como tudo aconteceu - eu estava no topo da minha TPM, então era só ouvir a palavra ADOÇÃO e já enchia os olhos de lágrima rs Ridículo.

Depois dessa parte, o Marinho passou os olhos pela Lei da Adoção e falou sobre algumas questões interessantes:

- Embora ainda insistem em culpar os adotantes pela demora nos processos, a justiça é sim a grande culpada, uma vez que a família substituta (ou seja, nós, pretendentes à adoção) somos a exceção na lei. Antes de disponibilizar a criança para a adoção, a justiça tentará reintegrá-la à família biológica e extensa até a exaustão.  Em suma, se a criança tem uma prima distante que mora lá no Acre, ela tem preferência sobre você que deseja tanto ter uma família. Acho que não tem ninguém no mundo em sã consciência que concorda com essa lei né?

- A última ementa da lei definiu que esse processo de destituição do poder familiar não pode ultrapassar 2 anos. Quem aqui acredita que isso seja respeitado?

- Crianças abandonadas no hospital são encaminhadas para o fórum. Ou seja, as mães que não têm coragem de entregar seus filhos à adoção acabam atrasando ainda mais o processo, pois a destituição do poder familiar é dada rapidamente quando a gestante procura diretamente o fórum e entrega seu filho (mesmo que ainda na barriga).

- A adoção direta não é mais aceita, embora aconteça bastante. Um casal que adotou uma criança diretamente da mãe corre risco real de perder a guarda do bebê. O indicado sempre nessas horas é que o casal não tente legalizar a situação nos primeiros 5 anos, pois depois disso o juiz pode conceder a adoção ao constatar que já foi estabelecido um laço de afinidade e afetividade na família. Porém, alguns juízes consideram que essa é uma atitude de má-fé, uma vez que a lei já é de conhecimento de todos. Nesse caso, a criança é retirada do lar adotivo e aguardará o processo no abrigo.

- O Marinho não tem nenhum acesso facilitado ao fórum, mas tinha proximidade com a juíza anterior. Comentou que esteve com a nova juíza (aquela que cuida do nosso caso) e não sentiu nenhum coração pulsando ali: "não esperem sentimentalismo da justiça, essa juíza é uma aplicadora de leis apenas", avisou.

- O número de pessoas que se habilitam à adoção de crianças com até 3 anos chega a 60% em São José dos Pinhais. Do nosso perfil, até 4 anos, esse número baixa para menos de 20%. Isso sem contar as outras definições do perfil.

Bom, agora falta o encontro com a psicóloga no dia 24. Se alguém encontrar o tempo por aí, mande um recadinho: estamos com pressa, muita pressa!

quarta-feira, 7 de março de 2012

Enquanto isso...

Como o desejo de engravidar da Cah é mais forte que tapa de macaco, recomeçamos a pensar no assunto. Eu particularmente, que tenho um cérebro limitado, fico confusa com essa ideia de tentar ter filho de todas as formas possíveis ao mesmo tempo. Fico achando que todos chegarão juntos (uns 5 filhos da noite para o dia) e meio que me desespero. Mas a Srta. Racional aparece logo depois trazendo sua irmã Dna. Lógica e eu fico mais tranquila.

Acontece que ontem retornei à Androlab, a clínica de fertilidade mais badalada de Curitiba, para conversar com a médica que acompanhou o processo de IA no ano passado. A Cah vai se cadastrar como ovodoadora, pra quem não sabe o que é, aqui fala direitinho sobre. Ela teve que preencher um cadastro com perguntas sobre ela e seus antecedentes e juntar uma foto bem natural (tudo isso apenas para registro da clínica, pois as partes não podem se conhecer).

Assim, se um dia uma mulher com características semelhantes às da Camila necessitar de doação de óvulos, a Cah será chamada para iniciar o tratamento (que será pago pela receptora). Primeiro elas vão sincronizar os ciclos para fazer o processo. Com isso, temos condições de fazer a FIV, um procedimento que está além das nossas po$$es.

Haja coração, enfrentar dois processos de espera indeterminada não é pra qualquer um!

segunda-feira, 5 de março de 2012

Primeiro encontro - Projeto Romã

Sexta-feira, 18h45 eu e a Cah já estávamos com crachá no peito e certa ansiedade. O curso para pretendentes à adoção é promovido pelo Projeto Romã, uma ONG que atua em parceria com a Vara da Infância de São José dos Pinhais. Estávamos em uma sala de aula, as carteiras dispostas ao lado umas das outras. Me senti como se estivesse na escola.

Ao todo éramos 10 casais e dois solteiros. Desses 10, dois vieram com seus filhos, só eu e a Camila de casal homo.

Uma mulher começou explicando a coisa toda, contando um pouco sobre a história dela de adoção, blablabla. Eu já estava revirando os olhos de tédio, aquilo tudo parecia inútil demais, chato e pedante, isso sem falar no fortíssimo apelo religioso (até distribuíram alguns trechos da Bíblia... oi?). Fiquei super implicante, vi erros grosseiros, como por exemplo a definição de  "adoção homem afetiva" (uhg!!). Enfim, teve um intervalo e eu só não saí correndo nessa hora porque a Camila me segurou firme rs

Na volta: bem agora vamos fazer uma dinâmica!! Gelei. Caramba, se tem algo que eu odeio na vida é dinâmica. Não tinha mais nenhum pingo de ânimo, não queria saber de interagir com ninguém, só queria ir embora. Pediram então pra gente formar grupos e contar uns para os outros por que queremos adotar. Eu pensei "aff que idiota", mas vamos lá né? Ficamos em um grupo com outros dois casais mais ou menos da nossa idade, todos pouco à vontade com essa situação. Eis que uma das mulheres começa a contar a história dela e rolou uma identificação instantânea: adorei o casal. O outro casal, muito sofrido, trazia uma realidade da qual tenho pavor: eles adotaram uma criança 1 ano e meio atrás direto com a mãe biológica e entraram com processo para legalizar a adoção. Depois de 8 meses com a bebezinha em casa, o juiz tirou a criança do casal e a levou para o abrigo. Agora eles estão fazendo todo o processo para tentar trazê-la de volta. Que tristeza!! Não podem visitá-la, não podem ver a menina. O juiz está relutante e insiste em tentar reintegrar a criança ao convívio da família biológica - que não a quer de jeito nenhum. Comoção geral pela história dos dois...

Ao final desse passo, cada casal apresentou aos demais a história do colega de grupo. Fiquei surpresa em descobrir quantas histórias diferentes podem existir por um mesmo objetivo. E mais surpresa ainda ao constatar que muitas pessoas estão abertas à adoção tardia, ou sem tantas restrições. Apenas um casal quer menina. Dois casais querem um bebê de até 1 ano, mas a maioria está aberta para crianças maiores, com até 4 anos (como nós), 7, 10 ou adolescentes. Grupos de irmãos também são aceitos pela maioria e apenas um casal falou sobre a etnia, pois eles fazem questão de adotar uma criança negra.

Clichês derrubados, recebemos um questionário para responder em casa sobre o perfil da criança e nossos planos sobre a adoção. O próximo encontro, no sábado, falara sobre as implicações psicológicas na adoção e o último, dia 24, aborda as questões legais.

O processo continua andando, já está com a equipe técnica - assistente social e psicólogo (a)!! =)

sexta-feira, 2 de março de 2012

A entrevista

Contrariando as leis da natureza, ao 20º dia de tramitação do nosso processo recebi um e-mail da assistente social. Ela se apresentou, informou que estava cuidando do processo, explicou como funcionará a partir de agora e, para a minha surpresa, marcou a data da entrevista!!!

No momento eu estava trabalhando, ocupadérrima... mas aí adeus concentração rss A sensação que tive foi a mesma de quando marcamos a IA: um frio na barriga, nervosismo e ansiedade, mas também uma felicidade tão grande que deixa a garganta seca. Comemoramos essa data como se tivéssemos sido habilitadas  (oi, exagero).

A entrevista foi marcada para o dia 28 de março, 4 dias após o último encontro do curso. A assistente social nos enviou os formulários para o Cadastro Nacional e outro para incluir no processo, aquele famoso onde colocamos informações sobre o perfil da criança. Nesse ponto fiquei surpresa: havia lido histórias de mães que preencheram listas extensas com mil detalhes sobre a criança. A minha lista tinha umas poucas perguntas: sexo, idade, cor da pele, condição de saúde (tinha que marcar se aceitávamos apenas crianças saudáveis, com doenças tratáveis, deficiência mental, deficiência física ou com HIV), se aceitávamos gêmeos ou grupos de irmãos.

Também já recebemos o questionário individual, o qual deve ser preenchido individualmente e entregue no dia da entrevista, achei as perguntas super razoáveis, depois volto aqui pra comentar sobre isso.

Em relação ao informe da juíza, do qual comentei no último post, já conseguimos resolver. Ambas tiramos nossos atestados com psiquiatra e hoje ao meio-dia levarei essa documentação ao fórum. Hoje também começa o nosso curso às 19h!

(Lene e Paty, super obrigada pelas dicas! Já deu pra ver que cada comarca é um universo diferente né?)

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Mais uma andadinha

Segunda-feira acesso o site do processo e vejo que ele já foi visto pela juíza. Estava assim: PROFERIDO DESPACHO DE MERO EXPEDIENTE assinado por ela. Abri o link e havia um documento solicitando que nos intimem para apresentarmos atestado de saúde física e mental emitido por um médico psiquiatra em um prazo de 30 dias. Estava sublinhada essa parte.

Liguei pra marcar consulta na mesma hora, só consegui no hospital psiquiátrico N. Sra. da Luz: um gigante velho e chato. Cheguei lá na hora marcada hoje (8h30) e passei exatos 20 minutos andando de bloco em bloco procurando o local da consulta. Quando achei, já estava atrasada. E suada. E descabelada. Tentei insistir, mas faltava a guia da consulta. Saí de novo, andei mais um tanto até a central do meu plano de saúde, peguei uma tonelada de guias, voltei. O médico já estava em outro atendimento e só poderia me ver às 10h. Sentei e esperei esperei esperei. Mas consegui!

Agora é a vez da Camila, a consulta dela ficou para a semana que vem, dia 06.

Na sequência do documento assinado pela juíza, dizia assim:

"- Após, ao SAI para realização do pertinente estudo de caso.
- Depois ao Ministério Público."

Pesquisei horrores sobre o que significa esse SAI e a única coisa que encontrei foi: Serviço de Atendimento Imediato. Alguém aí sabe se é isso mesmo? Paty e Lene, vcs receberam algo assim?

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Curso marcado!

Gentes acabei de receber a informação de que o curso FINALMENTE foi marcado. São apenas 3 encontros, o primeiro acontece nesse dia 02 de março, véspera dos meu 31º aniver. Que presente! Mas a Cah parece que tinha um presente melhor, pq quando falei do horário e data do curso ela não gostou nadinha rss

Bom, no final da semana passo aqui pra contar como foi o encontro. Beijos a tod@s!

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

13 dias

Hoje completamos 13 dias de tramitação do nosso processo e ontem ele foi enviado ao juiz. Pelo que entendi, depois dessa etapa ele vai para a análise técnica e então finalmente nos ligam para marcar a entrevista. Acho que o prazo está ok, apesar de eu acessar o site 25 vezes por dia, não creio que esteja atrasando muito.

Confesso que ando ansiosa por essa entrevista, e também para fazer o bendito curso que nunca começa! Hoje mandei mais um e-mail para o Projeto Romã, responsável pelos encontros de futuros pais e mães - eles haviam informado que haveria uma turma em fevereiro, mas até agora nada.

Enquanto isso, continuo lendo muita coisa sobre o assunto. Quem se interessa pelo processo de adoção pode conferir o blog da Lene que, depois de quase 7 meses de espera, conseguiu a aclamada Habilitação.

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Família na expectativa

Quando tentamos a inseminação, não queríamos que ninguém da nossa família soubesse da história. Combinamos esperar o positivo para contar a novidade. Com a adoção, o plano era contar só quando conseguíssemos a habilitação.

Mas eis que eu fui lendo daqui, lendo dali e concluí que seria mais interessante poder falar sobre a família na entrevista com a assistente social. Assim, respirei fundo e... soltei a matraca. Que alívio!! Adorei contar, amei a reação da minha mãe e da minha sogra. As futuras vovós ficaram animadas, interessadas, querendo saber como funciona, quanto tempo leva, etc.

Eu não imaginei que seria diferente, mas a realidade é uma delícia!

Filho, pode ir se preparando porque aqui a fila da expectativa está aumentando =)

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Agora é real

Quando eu espalhei toda a documentação no balcão de fórmica do Fórum diante de uma mocinha bem perdida que parecia ter começado a trabalhar ontem, juro que acreditei no prazo de 30 dias para receber o número do meu processo.

Mas hoje, às 17h, o TJP me envia um e-mail informando meu login e senha para que eu pudesse acessar o sistema. Eis que está lá: nosso processo já foi cadastrado e encaminhado para análise. Temos um número!!!

Agora são 19h50 e eu já acessei o site umas 5 vezes só pra clicar em todas as abas e sonhar acordada. Agora é real =)

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Finalmente!

Todo casal tem seu tipo, como uma segunda personalidade de cada uma, misturando-se e se criando junto com a outra. A minha e a da Cah é desorganizada. Nós somos assim, atrapalhadas e lentas nos processos. Cada coisa importante que temos que fazer exige um esforço enorme para conciliar agendas, dividir tarefas e cumprir tudo da forma mais prática possível. É por isso que apenas hoje, dia 09 de fevereiro de 2012, conseguimos enfim levar a documentação da adoção ao Fórum.

A lista de documentos nem era tão absurda, como já comentei em outros posts, mas algumas coisas foram se enrolando e quando já estava para virar novela, desencalhamos. Acabo de voltar da Vara da Infância, eles conferiram tudo e me deram um número de protocolo. Agora tenho que aguardar 30 dias para receber um retorno deles, enquanto espero também começar o bendito curso (que desde que começamos ainda não foi realizado).

Confesso que estou bem animada, ainda não fui engolida pela ansiedade da espera e, portanto, continuo muito confiante sobre tudo. Não vemos a hora de obter o "habilitado", pois quando isso acontecer, não será só para mim, mas para nós duas. Um casal de duas mães. Significa que o filho que adotarmos será legalmente nosso!