terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Escorregão número 2

Tão logo decidimos ter o bebê, combinamos que não contaríamos a novidade para ninguém (além de vcs que compartilham do mesmo sonho). Não passou uma semana e todos os meus amigos já estavam sabendo rs A Camila também não aguentou muito e logo foi soltando o verbo por aí.

Depois veio a segunda regrinha: não compraríamos nada NADA para o bebê antes de tê-lo minúsculo lá na barriguinha da Cah. Eis que hoje vou buscar a madame no trabalho e olha o que veio junto:
É....... Escorregão número dois da dupla, mas ao mesmo tempo dois corações cheios de macaquinhos sorridentes. Pois é, o (a) Enzo/Luiza ainda nem tem doador definido, mas já tem presente de Natal.
Eu sempre achei fofo bichinhos de pelúcia (eu e a torcida do flamengo), mas o primeiro bichinho de pelúcia do nosso bebê que ainda nem existe... Ahhh esse mereceu amassos e apertões até quase perder a forma.

E atire a primeira pedra quem nunca escorregou.

sábado, 18 de dezembro de 2010

Não é apenas dezembro. É Natal!!!

Pois é meninas, mais uma consulta se foi.
Entre muita chuva e frio a certeza que está tudo bem para termos nosso bebê acalentou nosso dia tão tumultuado.
Comecei a tomar o ácido fólico. Fiz o exame os exames anuais, e peguei o pedido para os exames.
Em janeiro temos que levar os resultados dos exames mais específicos e começar a conhecer os perfis dos doadores.
Estou feliz e cada vez mais animada.
O natal está chegando e com ele nossa alegria de imaginar que no ano que vem poderemos já estar com o nosso bebê.
O natal é uma época deliciosa para mim. Amo a festa, estar com minha família, comer a ceia que minha mãe faz rir e brincar muito com a minha sobrinha. Este ano não podermos ir para Minas (minha família mora lá), mas estou tão feliz em saber que um pedacinho da minha família vem ficar conosco. Minha avó, meu melhor amigo (um irmão lindo para mim), meus sogros minha cunhada, todos são muito amados por nós. Ano passado eu e a Vih fizemos umas doação para um orfanato aqui perto, mas nada demais. Este ano programamos algo um pouquinho mais organizado. Consegui algumas doações de brinquedos no meu trabalho, vamos comprar mais alguns, vamos fazer uma boa feira de frutas e vamos levar tudo para as crianças. Acho que elas vão gostar bastante.
Bom meninas, este  post ficou muito sem pé nem cabeça, mas é que tinha muitos assuntos e como escrevo pouco acabo “falando” tudo de uma vez, rsrs.
Bjus e abraços Cah

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Tudo o que somos é apenas o que somos

"Ah é você vai poder adotar... que bom!" Esse foi o jeito que minha mãe encontrou de entender e aceitar minha sexualidade depois de tantas conversas. Ela sabia que esse era meu sonho, não o de ser mãe biológica, mas o de poder conquistar o amor de uma criança mesmo que não existam laços genéticos. Isso, somado ao carinho que meus pais têm por crianças me faz acreditar que o dia de dar a grande notícia será comemorado.

Transformar a ideia que as pessoas mais conservadoras têm em relação à nossa sexualidade é só um dos nossos desafios. Fazê-los entender que o sexo não é tudo o que nos motiva a buscar a plenitude em uma relação homossexual faz toda a diferença e digo isso por experiência própria. Meus pais só conseguiram encarar minha sexualidade numa boa mesmo quando passaram a conviver conosco, frequentar nossa casa, passar os feriados aqui participando da nossa vida.

Estendendo para a sociedade como um todo, creio que essa seja a conquista mais importante dos casais homoafetivos. Afinal, não lutamos apenas contra o preconceito dos heterossexuais, dos fanáticos e dos sexistas, lidamos com a questão moral (mesmo que hipócrita) a que nos confere o título de lésbicas. E como irrita quando a gente luta tanto para mostrar que tem uma vida extremamente normal quando chega a Parada Gay e o que vemos é a promiscuidade geral, se ao frequentar uma balada LGBT só o que vemos são meninas e meninos se agarrando em grupos, colocando o fetiche acima de qualquer coisa.

Acredito que todos os lados cometem erros nesse sentido e, para piorar, parece que o mundo insiste em se separar, criar guetos estereotipados. Ao invés de conquistar os direitos de igualdade, acabam estimulando ainda mais o preconceito alegando que de fato somos tão diferentes a ponto de não querermos frequentar os mesmos lugares, ter os mesmos amigos. O hiato que se cria entre os grupos é só mais um nessa sociedade com mania de segmentação e ninguém - absolutamente ninguém - sai ganhando.
Por que um bar precisa ser diferenciado pela sexualidade dos frequentadores? Por que os filmes perdem as categorias de romance, ação, aventura, épicos quando trazem casais gays na trama? Por que nas novelas o personagem gay é sempre O Personagem Gay?

Para acabar com um preconceito desde a raiz precisamos fazer as pessoas se acostumarem com o diferente - que é o normal - ao contrário de tentar mostrar o tempo todo o quão diferente somos. Porque não somos de fato. Todos sentem, riem, choram, amam, odeiam, trabalham, estudam, pensam, saem, entram, fofocam, participam, convivem. Temos que ter orgulho do que somos e de tudo o que compõe nossa essência - incluindo a sexualidade - mas temos que lembrar de sermos iguais a todo mundo, senão seremos sempre O Personagem Gay onde quer que a gente vá. Eu sou lésbica, e sou jornalista, esposa, amiga, pisciana, ansiosa, tagarela, baixinha, ateia, branca, colorada, empresária. E serei mãe.

Simples assim.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Um bebê e pulmões limpos

De todas as coisas que incluem o pacote "ser mãe" a mais difícil para mim é a ideia de que preciso parar de fumar. Sim, porque a vida do nosso bebê parece mais relevante do que a minha própria, visto que já somo 12 anos de vida fumacenta.

Tudo bem que não sou eu quem vai gerar, que eu nem fumo tanto assim e que sou a fumante mais respeitadora do pulmão alheio que conheço, mas a questão é que não quero ser esse exemplo para o meu filho. Não quero ver ele chegar na adolescência e fazer a mesma besteira que eu. Não que ele não vá fazer independente de eu fumar ou não...mas quero pelo menos poder orientá-lo com a experiência de quem mergulhou em um vício inofensivo socialmente, mas altamente perigoso.
Eis que vou parar. Resolvi escrever aqui justamente para firmar esse compromisso com vocês, que nada tem a ver com o assunto mas que já estou distribuindo responsabilidades rs.

Quero um ano novo de verdade. Quero poder ficar num lugar fechado sem me coçar de vontade de ir lá fora fumar unzinho. Quero que minha esposa fique feliz ao se aproximar e não sentir os resquícios da fumaça na minha pele. Quero que meu filho reconheça meu cheiro, e que esse cheiro não seja de cinzeiro.

Enfim, um grande amigo me ensinou que o segredo está na forma de pensar. Portanto, não vou parar de fumar. Vou é começar a viver melhor.


#ai zezuis coragemmmmmmm

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Dois buquês

Morávamos em São Paulo quando decidimos nos casar. Minha família estava toda no RS e a da Camila, em MG. Como unir todo mundo e encontrar tempo para organizar um evento legal (lembrando do quesito pobreza rs)? Salvas pelo gongo, a mãe da Camila se ofereceu para organizar a festa lá no interior de Minas.

Eu não queria convidar toda a minha família pq, além de ser muito numerosa, ainda não era muito bem aceita por todos. Em um mundo ideal, teríamos uma festa enorme com 500 convidados, mas nos concentramos em 50 pessoas rs
Do lado da Cah tudo foi mais fácil: família querendo comparecer em peso, amigos todos envolvidos. Resultado: dos 50 convidados, apenas 3 pessoas da minha família (mãe levemente contrariada, irmã e cunhado vibrantes). Capítulo à parte: meu pai recusou o convite e ficou em casa sozinho. No dia do casamento ele me ligou aos prantos arrependido. Sorry, tarde demais né?

A verdade é que nada atrapalhou nosso dia. A gente casou de branco e fez questão de um buquê cada uma. A gente fez a seleção das músicas especialmente para o dia. A gente fez o convite. A gente escolheu como seria a entrada, a cerimônia, onde ficariam os convidados, o que seria servido... Escolhemos um palestrante espírita para fazer o discurso e eu chorei desde a primeira palavrinha.
Nós usamos salto alto e as mesas tinham flores. Nós trocamos alianças jurando amor eterno e tivemos padrinho assinando o documento de união estável. Nossas mães choraram até se esgotar e nos arrependemos de não ter contratado fotógrafo.
Nós ganhamos a lua de mel em um hotel charmoso e mesmo um tanto alcoolizadas e mortas de cansaço aproveitamos muitoooooooooo cada segundo.

Nos sentimos donas da festa e verdadeiramente casadas. Nossas bochechas doíam no dia seguinte de tanto que sorrimos. Nós ficamos repetindo a palavra ESPOSA até cansar. Nós nos vimos diferente, o respeito e a admiração se multiplicaram do dia para a noite. Nós fizemos planos para o futuro. Nós jogamos os buquês e ganhamos mil abraços.
Nós nos casamos.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

A vida e a arte se imitam na maior cara de pau

Domingo de chuva, eu e a Cah resolvemos que era o momento de ver um filminho água com açúcar. A pedida do dia era: O Novo Mundo (ou Le Nouveau Monde), um romance que conta a história de duas mulheres que decidiram, como todas nós, que era o momento de aumentar a família.

Coinscidências mil por uma hora e meia de filme. Desde o desejo inicial de ter um doador conhecido até o nome do fofucho - Enzo - é o mesmo que escolhemos se for menino. Além de engraçadinha, boba e simples, a trama também levanta uma questão importante: ao optarem por um pai presente, a personagem Marion se sente deixada de lado, sem papel definido nessa relação. Afinal, ela vê seu filho com pai e mãe biológicos.... onde ela fica nessa história?

Vejam o trailer:



A solução do trio foi bem francesa, utópica. Por aqui a coisa não funcionaria tão bem, creio eu. De toda forma, é válido o questionamento da representação das mães e de todo esse contexto familiar que envolve a chegada de um bebê por vias lésbicas rs.

domingo, 5 de dezembro de 2010

Cada dia mais mães

Saímos para comprar coisas para a casa. Ao ver as contas subindo sem parar, digo preocupada que temos que controlar os gastos no fim do ano. A Cah, por sua vez, larga "vamos aproveitar e comprar essas coisas agora porque no ano que vem tudo será para o bebê".

Não é incrível esse poder de transformação que encaramos ao decidir ter um filho? Até um tempo atrás, gostávamos de ser individualistas, gostávamos de cuidar só da gente e tínhamos infinitos planos a duas. Agora, não tem momento do dia que não nos faça ponderar e pensar no bebê que está para vir.
Por causa dele (ou dela), as compras do mês agora têm mais frutas e verduras. Por causa dele, a poupança virou regra. As pausas diante das vitrines de lojas infantis são mais prolongadas e no calendário não marcamos mais nossos compromissos, mas sim o dia da menstruação da Camila. Decidimos fazer exercício físico, yoga, meditação, dieta, artesanato, culinária. Reduzimos a frequência do dia do cachorro-quente (tradicional evento semanal). Brincamos com as crianças na rua, trabalhamos com mais ânimo, limpamos a casa com mais atenção. E tudo o que envolve o ano que vem parece suspenso, aguardando o dia em que diremos o tão esperado "Estamos grávidas!"


Bem vindo 2011.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Quando o coração grita

Quando conheci a Camila pela internet não imaginei que ela seria a minha história de amor mais bonita. Conversávamos todos os dias sobre tudo, e a cada momento eu descobria que, ao mesmo tempo em que não combinávamos em absolutamente nada, também crescia uma grande amizade e admiração.

Mas bastou vê-la na minha frente que recebi um sinal. Era meu coração avisando que havia encontrado a mãe dos meus filhos.

Ela gostava de esportes, eu sempre fui a nerd do grupo. Ela adorava baladas, eu no máximo curtia um barzinho com amigos. Ela sempre adorou uma cervejinha, eu não bebo cerveja de jeito nenhum. Ela era toda saúde, eu fumava e fazia mil horas extras. Ela trabalhava para viver, eu vivia para trabalhar. Ela gostava de blockbusters, eu só frequentava cinema europeu. Ela gostava de comédias, eu de trajédias. Ela era doida por eletrônicos, eu mal sabia usar meu celular. Ela gostava de acordar cedo, eu sempre dormia tarde. Ela é louca por organização, eu nunca sei onde estão minhas coisas. Ela gosta dos números, eu das letras. Ela é espírita, eu atéia. Das coisas que ela odeia, eu acho graça. E vice-versa.

Ela quis casar. Eu quis mais ainda...


As pessoas sempre me perguntavam como eu podia ter essa certeza toda, eu dizia sempre a mesma coisa: não sei. Só sei que as diferenças atrapalharam bastante, mas foi infinitamente mais forte a vontade de estar junto, de crescer e aprender a tolerar e evoluir. Hoje ainda somos luz e sombra, mas me digam: existe uma coisa sem a outra??

Amor é isso. Tudo isso e somente isso.