segunda-feira, 3 de setembro de 2012

A Saga da Adoção - A ponta do arco-íris

Os primeiros dias foram tão turbulentos que nem nos demos conta de que havíamos chegado na ponta do arco-íris. O motivo pelo qual fizemos tudo o que fizemos, pelo qual mudamos de cidade e de estado, mudamos de emprego, caímos e levantamos tantas vezes, enfim estava diante de nossos olhos. E ao contrário do que sempre imaginamos, demoramos para perceber e sentir.

Antes de ter um filho, a gente imagina um tipo de sentimento, de emoção. Achamos que vamos agir assim e assado, que vamos pensar tal coisa e conduzir a situação de determinada forma. Imaginamos que seremos totalmente diferente do que foram nossos pais e que nós sim seremos as precursoras de uma educação revolucionária. Eis que o momento acontece e você se descobre sentindo coisas inimagináveis. As dores do coração doem tão forte que tiram o ar (literalmente). As alegrias não são abobalhadas igual vemos nos filmes. Não! Elas são reais, profundas e não laterais. Elas não podem ser confundidas com euforia ou animação. É completamente o oposto disso. Ao mesmo tempo em que ficamos encantadas, habita hoje em nossas mentes um sentido de responsabilidade.

Pois é, nos tornamos responsáveis por uma vida. O significado dessa frase é indescritível. Afinal, aquela coisa da qual fugimos por boa parte da vida agora invade cada milímetro dela. E gostamos! É com prazer que conversamos, eu e a Cah, sobre os rumos da educação de L. É com absoluto amor e felicidade que impomos limites, mesmo sabendo que ela só vê nossa cara carrancuda e chora injustiçada.

Tenho zilhões de acontecimentos para relatar aqui no tocante aos próximos dias. Mas a data está se distanciando e perco a lembrança dos detalhes. Ao mesmo tempo, fico louca querendo contar sobre tudo o que tem acontecido AQUI E AGORA, antes que esqueça também disso. Resolvi então fazer um resumo sobre o fim do estágio de convivência, que durou ao todo 8 dias.

Depois de tomarmos as rédeas da situação, a confiança veio à galopes. Nos fortalecemos e começamos a entender o que tínhamos que fazer ali. É claro que isso tudo teve um preço: ao invés de recebermos a autorização para ir embora na quarta-feira, tivemos que aguardar mais uns dias.

Na última entrevista com a AS, L. era outra criança. E nós, outras mães. Em poucas horas estávamos com a tão sonhada Guarda Provisória em mãos! E junto com ela uma pilha de documentos para posterior encaminhamento da adoção definitiva (vou fazer um post específico sobre a parte burocrática do processo).

Mesmo assim, saímos de lá com uma sensação de que estávamos sequestrando L. rs Enfim ela iria com a gente, não teria mais AS nenhuma por perto, ninguém de olho dizendo o que podíamos ou não fazer. O estágio foi fundamental, mas não há preço que pague esse alívio que sentimos ao final de uma semana de avaliação constante.

Agora era hora de despedidas. Em uma semana de tantas emoções, compartilhamos nossas almas com pessoas especiais demais e nunca vamos terminar de agradecer. Lore e Lu, vocês mais do que nos hospedaram, vocês nos receberam de verdade. Nós chegamos lá, nos instalamos na casa de vocês, carregamos cada cômodo com nossas angústias, nossos medos e musiquinhas chatas, e vocês ainda tiveram fôlego para nos oferecer o ombro quando mais precisamos. Antes disso, nos conhecíamos muito pouco, mas agora as sentimos tão íntimas e tão próximas que parece que estão aqui do ladinho.

Aliás, esse é o melhor da amizade. Saímos dos braços delas para cair nos de outras duas pessoas excepcionais: Piu e Ceci. Depois de acompanhar de longe todo o fuzuê, suar frio quando tememos desistir de tudo, por fim só havia uma coisa a fazer: a viagem não seria completa se não passássemos em JF para dar aquele abraço apertado. E assim fizemos: exaustas, mas completas, saímos de BH e fomos à Juiz de Fora na sexta à noite.

O tempo que passamos lá foi curtíssimo, mas suficiente para realizarmos um sonho que, confesso, eu não imaginava que se concretizaria com tamanha perfeição: o sol fraco desperta o sábado para que pudéssemos ver L. e Mariah juntas! Nem todo o cansaço do mundo apaga o valor inestimável desse encontro. Por isso agradecemos imensamente a vocês também, nossas queridas amigas que estiveram ao nosso lado nas horas ruins e com as quais temos o prazer de curtir todas conquistas!

No sábado à noite, mais precisamente às 23h30, chegamos em casa com o nosso pote de ouro. A partir daqui, iniciamos uma nova a aventura: a maternidade vivenciada.

4 comentários:

  1. “Os amigos não precisam estar ao lado para justificar a lealdade. Mandar relatórios do que estão fazendo para mostrar preocupação. Os amigos são para toda a vida, ainda que não estejam conosco a vida inteira. Temos o costume de confundir amizade com onipresença e exigimos que as pessoas estejam sempre por perto, de plantão. Amizade não é dependência, submissão. Não se têm amigos para concordar na íntegra, mas para revisar os rascunhos e duvidar da letra. É independência, é respeito, é pedir uma opinião que não seja igual, uma experiência diferente. (…) Amigo mesmo demora a ser descoberto. É a permanência de seus conselhos e apoio que dirão de sua perenidade. Amigo mesmo modifica a nossa história, chega a nos combater pela verdade e discernimento, supera condicionamentos e conluios. São capazes de brigar com a gente pelo nosso bem-estar. (…) Amigos me salvaram da fossa, amigos me salvaram das drogas, amigos me salvaram da inveja, amigos me salvaram da precipitação, amigos me salvaram das brigas, amigos me salvaram de mim. (…) Amigo é o que fica depois da ressaca. É glicose no sangue. A serenidade.”

    - Fabrício Carpinejar

    A vida com Amigos faz muito mais sentido!
    Beijo, meninas!

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  2. Ai que post lindo! Me emocionei mesmo. Se vocês nos sentem aí, saibam que sentimos vocês aqui também. Por isso disse que as impressões ficaram gravadas fundo nos nossos corações. Junto com o "nascimento" da L. na vida de vocês, nasceu também nossa amizade. E essa é daquelas que não acabam. :)

    E ver a foto de L. e Mariah juntas foi a coisa mais gostosa, mais linda do meu sábado de manhã! Chorei igual criança quando vi essas duas porqueirinhas, uma do lado da outra. Espero (assim como sei que vocês também, e a Piu e a Ti também) que essa seja outra amizade linda que se forma. Duas crianças com famílias abençoadas, duas crianças muito amadas, queridas, planejadas, que têm muito o que compartilhar da vida.

    No mais, parabéns pela FAMÍLIA linda, minhas amigas! Que essa filha seja sempre motivo de transformações, revoluções e crescimento dos seres humanos lindos que vocês são. Obrigada por nos permitirem fazer parte da história de vocês. E espero um dia que noss@ filh@ também venha a somar nessa história. :)

    Beijos e abraço de urso nas três.

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  3. AGora... depois que o dia amanheceu posso deixar meu comentário construtivo kkkkk.

    Ter acompanhado o nascimento desta pequena foi um prazer. Acompanhar todos os minutos de um sonho sendo realizado não tem preço ! Vocês são mais que amigas.

    Queremos por muitos e muitos anos, compartilhar desta alegria de ver a pequena crescer e a familia aumentar.

    Bjs grandes Piu

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