sábado, 14 de julho de 2012

A saga da adoção - Parte II

Uma das mil coisas que aprendi nessa jornada é que para as coisas acontecerem, é preciso ter o coração e a mente abertos. A bebezinha ficou na minha cabeça por bastante tempo, mas meu coração aceitou que ela não seria nossa e partimos para outra. 

Tão logo nos desconectamos dessa história, soube que haviam dois meninos disponíveis para adoção no interior de MG - o S. de 4 anos e o F. de 6. Estavam totalmente fora do nosso perfil do CNA (que é de até duas crianças de 0 a 4 anos), mas nos olhamos e sorrimos: decidimos que sim. Não foram os primeiros a aparecer, nesse meio tempo nos procuraram para falar de um menino de 4 anos, mas ele tinha um problema gravíssimo de saúde, não interagia, não andava, não comia sozinho, não falava. Tivemos que dizer não, e ele continua lá esperando alguém.... Outra vez nos ligaram falando sobre uma menina de 2 anos HIV+, mas a essa altura já estávamos decididas a adotar S. e F.

Entrei em contato com a AS da vara local, pareciam todos muito dispostos a ajudar. Logo obtive o telefone do abrigo onde eles estavam! Passamos a ligar diariamente, cada dia aprendendo um pouco mais sobre nossos meninos. Já sabíamos que S. era muito esperto, aprendia tudo rápido; e F. sabia ler e era inteligente, dedicado. Eram carinhosos, grudadinhos um no outro. Passavam o dia na creche e na escola, voltavam, comiam, tomavam banho e cama. Dia seguinte, escola tudo de novo. Essa era a vidinha dos meus pequenos, e eu ansiava em tirá-los logo de lá.

Tudo estava indo tão bem!! Já contamos para os amigos mais próximos, compartilhamos histórias dos dois, sonhamos com eles em nossas vidas, pesquisamos escolas, buscamos sinais que poderiam provar tudo isso, e encontramos vários. Piu bem sabe disso né? rs Ela, que sempre dizia que adotaríamos dois meninos, que o mais velho teria 6 e o mais novo se chamaria S. Outra amiga, a Célia, que há meses mantém a convicção de que adotaríamos em julho. LOU-CU-RA!!

Mas eles têm uma irmã mais velha, a R. de 12 anos. Por mais que a decisão inicial do juiz era de separá-la deles para facilitar a adoção, a história começou a mudar. A AS dizia que talvez não os separassem, que talvez eu devesse pensar em adotar a menina também.

Não. Isso está errado. Em semanas conseguimos nos sentir culpadas pela situação de 3 crianças que só estão lá até hoje por culpa de uma justiça burra, lenta e sem nenhum interesse no bem-estar da criança. A Cah começou a ficar com medo, eu também. Tivemos dificuldade em conseguir um advogado que não nos enfiasse a faca no estômago para fazer uma simples petição. O medo aumentou. E nossa tristeza também.

Nesse processo conhecemos a Camila, que está adotando uma menina nesta mesma comarca. A situação dela se arrasta há 3 meses e tem previsão de demorar mais. Camila sofre, e nós sofremos junto. Por ela e por nós, por essa muralha gigantesca que se chama justiça brasileira.

Mas toda história pede um final feliz, quem sabe nos próximos capítulos?


5 comentários:

  1. roendo as unhas define...

    E, gente, me coloco no lugar de vocês, sabendo dessas crianças sem lar, sem família, e vocês querendo tanto filhos... imagino que deva dar vontade de levar todas pra casa, dar mto amor a todas, porque não é justo que elas cresçam sem o amor de uma família. Meu coração ficou pequenininho pensando nesses meninos, eu confesso. Só posso rezar para que alguma família os adote, para que eles recebam mto amor ainda na vida.

    Beijo grande nas duas!

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  2. Hm, complicado, hem, meninas?! Bom, só me resta torcer e desejar uma boa sorte para vocês e que o final seja o melhor, independente de qual for!

    Beijos

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  3. Eu acompanho quando posso e devo dizer que cada dia que passa admiro mais vocês. Espero que a justiça divina seja feita e que uma (ou mais de uma) criança possa entrar pra essa família linda e repleta de amor para ofertar.

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  4. Nossa que maratona! Quer saber? Acho que fizeram certo, qualquer decisão precisa ser muito refletida, não podemos fazer as coisas inseguras. Na hora certa, serão escolhidas pela criança...

    Estamos aqui, torcendo para ver o final dessa história, que há de ser feliz!
    Beijos
    Elza

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  5. Estamos curiosas para conhecer a carinha dela!!!!!!!!

    Parabens meninas!!!!!

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