domingo, 5 de agosto de 2012

A saga da adoção - O primeiro olhar

O plano deu certo. Viajamos horas e horas sem fim no nosso calhambeque 1.0. Fizemos uma única parada para comer e seguimos viagem, a euforia fazendo sumir a dor nas costas, o sono, o cansaço. A Cah, que sempre dorme tão fácil, ficou acordada cantando todas as músicas do nosso repertório para que eu não dormisse. Desse jeito chegamos em BH às 4h30 da madrugada de uma sexta-feira.

Nós íamos nos hospedar na casa das nossas amigas queridas Lu e Lore (Em Cores Almodóvar), mas vamos combinar que chegar na madruga no meio da semana batendo na porta é forçar a amizade né? Então paramos em um posto de combustível 24h, tomamos um café, encostamos o banco do carro e.....zzzzzzzZZZZZZ

Um cochilo de 1 hora e lá fomos nós para a entrevista com a AS marcada para as 8h da manhã. Desgrenhadas, sonolentas, amassadas, assim chegamos à Vara de Infância e Juventude. Como ela ainda não havia chegado, corremos para o banheiro para escovar os dentes, pentear os cabelos, trocar de blusa, lavar o rosto rs

Na entrevista, a AS aproveitou para nos conhecer um pouco melhor e também para falar mais sobre a menina. Nos deu algumas orientações sobre como deveríamos agir nesse primeiro contato e lá fomos nós conhecer a razão das nossas vidas.

Estranho falar assim: "conhecer a razão das nossas vidas", pois o primeiro olhar soou mais como um reencontro, um "até que enfim". Ao chegar ao abrigo, inicialmente não vimos as crianças, fomos ao escritório  conversar com a diretora do espaço. Espertinhos, eles deram um jeito para que nossa princesa passasse pela porta.... Foi eu virar para vê-la e desabei no choro LI-TE-RAL-MEN-TE.

Ok ok, eu tenho muito sangue italiano correndo nas veias, eu chorei no meu casamento, choro quando o cachorro morre no filme, choro quando vejo propaganda de dia das mães. Mas aí a coisa foi mais embaixo: eu fiquei sem jeito pela minha própria reação, a Cah me olhava com os olhos vermelhos, tentando segurar a onda. E eu recorrendo aos pensamentos mais absurdos para conter os soluços (sim, soluços) e manter a pose. A AS já tirou um lenço da bolsa e fiquei rindo e chorando ao mesmo tempo, comovida e envergonhada, sem saber o que falar.

Quando me acalmei, fomos até as crianças. A Cah liberou seu lado mais animado e conquistou a galera. Eu fiz mais o papel de cabide de criança nesse momento - não da nossa, mas de todas no recinto.

Eis que nossa pequena percebeu que a coisa era com ela. E foi se deixando aproximar devagar. Ela não era igual aos outros, ela precisava ser conquistada, era especial. No olhar dava pra ver seu gênio forte, mas no sorriso foi se revelando uma delicadeza impressionante. Um pouco frágil sim, mas mais do que isso, sutil, leve, miúda, sensível.

Ela se aproximou porque quis, porque ficou curiosa, achou divertido. Mostrou que gosta de música, pediu comida na boca, fez carinho na gente, pediu para ir lá fora, brincou conosco no escorregador, se deixou pegar no colo, riu, riu muito. E dormiu embalada por nós o soninho da tarde, o primeiro que vivemos com ela.

Às 14h já estávamos indo para a casa das meninas para descansar. Sem palavras para descrever, esse dia caiu como chumbo em nossos corações. Sentimos coisas que jamais sequer pensamos sentir, ficamos apaixonadas, falando dela por horas e horas. Sabíamos quantos dentes ela tinha, quantas vezes ela sorriu, que palavras conseguiu dizer. Tudo, simplesmente tudo ficou gravado.

As titias Lu e Lore esperavam notícias e seguimos noite a dentro compartilhando cada detalhe ignorando o sono que tomava conta à essa altura. A notícia boa foi além dessa manhã incrível: recebemos a autorização para tirá-la do abrigo no dia seguinte!!

Com esse gostinho na boca, dormimos exaustas.

6 comentários:

  1. Acabei de ler o post para a Lore, ao telefone, enquanto ela embarca de volta para casa.

    Estamos que não nos contemos em ansiedade para reviver tudo, outra vez, através da história contada. Por isso, toda hora é um F5 neste blog. #prontoGRITEI

    Mas sério... para ver como tudo tem um sabor diferente e delicioso qdo se passado a limpo e refletido, é que essa frase de "razão das nossas vidas" fez todo sentido mediante aquilo que se fez sim um reencontro.

    Isso nos dá esperança para a vida, acreditem! A experiência de vcs foi a mais linda de se (vi)ver! :)))

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  2. também choro quando leio posts como estes...

    e assim como a luana diniz, passo sempre por aqui para saber mais. me vejo nas situações O.o

    :)

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  3. Feliz história, tão feliz que renderá um post em meu blog rsrsrs

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  4. Como a Lu contou, ela leu este post pra mim enquanto eu embarcava no ônibus que me traria de volta pra casa. O que ela não sabe (porque eu não contei e ela não viu) é das lágrimas que me rolaram no rosto, do início ao fim da leitura. Lágrimas de emoção, de saudade, de felicidade... A história de vocês é tão linda, é um exemplo mesmo a quem quer tanto ser mãe - como vocês agora são.

    Aquele dia foi especialmente mágico para todas nós (obviamente, em níveis e de formas diferentes). Eu passei o dia todo ansiosa no trabalho, roendo unha, contando as horas pra vir embora e encontrar vocês. Quando finalmente nos encontramos e sentamos pra conversar... eu não queria mais parar. E sei que vocês tb não, mas o cansaço era visível nos olhos de vcs (escondido atrás da felicidade gigante). Naquele dia, além de saber notícias de vocês e da filha de vocês, eu compreendi também que nossa amizade iria muito além do virtual, e que aqueles dias mudariam nossas vidas para sempre. Ter vocês aqui em casa foi maravilhoso para a gente, não apenas pela possibilidade de presenciar o início dessa história linda de família; mas também pelas conversas, pelas risadas, pelos carinhos, pelos desabafos e confidências. Amizade é isso, e é disso que sentimos muita falta aqui. Obrigada por terem vindo e concretizado a amizade virtual que já havia se formado.

    Ok, Vivian, esse é um exemplo dos comentários gigantescos que sou capaz de escrever... hahahaha! Chega, né?? Vou ficar aqui aguardando o próximo post, ansiosa, frenética no F5! :P

    Beijos nas 3!

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  5. Meninas, que emoção! Ai ai (suspiro)! Assisti esse fim de semana o filme "O que esperar quando se está esperando" e o casal formado pela J Lo e Rodrigo Santoro me fez pensar MUITO em vocês 2! Então vocês vieram pra BH buscar a filhota?! Poxa, poderíamos ter combinado um café ou um almoço, hem?! Da próxima vez, por favor, me mandem uma mensagem! Adoraria conhecer vocês!

    Beijinhos!

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  6. que lindo post! amei a história emocionante! vim pelo link que a Clau Finotti compartilhou no FB.
    Beijooooo

    www.fernandareali.com

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