segunda-feira, 5 de março de 2012

Primeiro encontro - Projeto Romã

Sexta-feira, 18h45 eu e a Cah já estávamos com crachá no peito e certa ansiedade. O curso para pretendentes à adoção é promovido pelo Projeto Romã, uma ONG que atua em parceria com a Vara da Infância de São José dos Pinhais. Estávamos em uma sala de aula, as carteiras dispostas ao lado umas das outras. Me senti como se estivesse na escola.

Ao todo éramos 10 casais e dois solteiros. Desses 10, dois vieram com seus filhos, só eu e a Camila de casal homo.

Uma mulher começou explicando a coisa toda, contando um pouco sobre a história dela de adoção, blablabla. Eu já estava revirando os olhos de tédio, aquilo tudo parecia inútil demais, chato e pedante, isso sem falar no fortíssimo apelo religioso (até distribuíram alguns trechos da Bíblia... oi?). Fiquei super implicante, vi erros grosseiros, como por exemplo a definição de  "adoção homem afetiva" (uhg!!). Enfim, teve um intervalo e eu só não saí correndo nessa hora porque a Camila me segurou firme rs

Na volta: bem agora vamos fazer uma dinâmica!! Gelei. Caramba, se tem algo que eu odeio na vida é dinâmica. Não tinha mais nenhum pingo de ânimo, não queria saber de interagir com ninguém, só queria ir embora. Pediram então pra gente formar grupos e contar uns para os outros por que queremos adotar. Eu pensei "aff que idiota", mas vamos lá né? Ficamos em um grupo com outros dois casais mais ou menos da nossa idade, todos pouco à vontade com essa situação. Eis que uma das mulheres começa a contar a história dela e rolou uma identificação instantânea: adorei o casal. O outro casal, muito sofrido, trazia uma realidade da qual tenho pavor: eles adotaram uma criança 1 ano e meio atrás direto com a mãe biológica e entraram com processo para legalizar a adoção. Depois de 8 meses com a bebezinha em casa, o juiz tirou a criança do casal e a levou para o abrigo. Agora eles estão fazendo todo o processo para tentar trazê-la de volta. Que tristeza!! Não podem visitá-la, não podem ver a menina. O juiz está relutante e insiste em tentar reintegrar a criança ao convívio da família biológica - que não a quer de jeito nenhum. Comoção geral pela história dos dois...

Ao final desse passo, cada casal apresentou aos demais a história do colega de grupo. Fiquei surpresa em descobrir quantas histórias diferentes podem existir por um mesmo objetivo. E mais surpresa ainda ao constatar que muitas pessoas estão abertas à adoção tardia, ou sem tantas restrições. Apenas um casal quer menina. Dois casais querem um bebê de até 1 ano, mas a maioria está aberta para crianças maiores, com até 4 anos (como nós), 7, 10 ou adolescentes. Grupos de irmãos também são aceitos pela maioria e apenas um casal falou sobre a etnia, pois eles fazem questão de adotar uma criança negra.

Clichês derrubados, recebemos um questionário para responder em casa sobre o perfil da criança e nossos planos sobre a adoção. O próximo encontro, no sábado, falara sobre as implicações psicológicas na adoção e o último, dia 24, aborda as questões legais.

O processo continua andando, já está com a equipe técnica - assistente social e psicólogo (a)!! =)

9 comentários:

  1. Olá meninas... legal esse relato, a adoção é um assunto de pouco conhecimento em nossa vida , mais temos muito interesse em conhecer esse processo... vamos ficar acompanhando e desejando junto a vcs nessa caminhada até a chegada da pessoinha que virá para completar suas vidas. Muita sorte e paz para aguardar esse momento tão esperado. Karina, Sabrina e Kaique.

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    1. Obrigada meninas!! Vcs aí acompanhando a nossa história e nós aqui babando litros no lindo do Kaique hehe

      beijão

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  2. Recado da Lu pra mim, hoje: "vai lá no blog da Vivian e tenha um siricotico."
    Eu vim correndo, óbvio, doida pra saber das novidades! E fiquei suuuuper feliz com o que eu li. Meninas, que felicidade! Mais uma etapa vencida! E nós, aqui de longe, torcendo muito por vocês!

    beijos e boa sorte nas próximas etapas!

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    1. hahaha nunca tinha visto a palavra siricotico escrita! vou usar várias vezes a partir de agora kkkkk

      Beijão meninas obrigada pelo carinho!

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  3. Hahahaha..Vivi, eu vi meu marido em vc agora...hahahaha...Ele odeia apelos religiosos!!! Odeia tbem dinâmica de grupo..o que?? Homem afetividade?? gente, que é isso????

    No nosso encontro tbem, a hra que mandaram juntar em grupos ja me irritei...isso aconteceu no segundo dia, e ja no primeiro não me simpatizei c um casal logo de cara, pq eles começaram a levantar questões que eu achei impertinente para o momento..mas enfim, não é que na hr de se juntar tivemos que nos juntar c esse casal..aff..me irritei mais ainda.
    Nossa,a hr que eles começaram a contar a história deles eu me rendi, que triste..ela c 25 anos perdeu o útero por um erro médico..nossa, fiquei comovida!!

    Por fim trocamos telefones e td mais...

    Que bom q vcs gostaram!!

    Aguardo o encontro de sabado!!

    bjs, bjs, bjs....

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    1. Paty, homem afetivo foi dureza demais né? Eu fiz tanta careta na hora que a esposa começou a me cutucar desesperada kkkkkk

      Mas é isso mesmo, quando a gente conhece a história da pessoa, parece que o mundo se abre. São tantas coisas ao nosso redor né? Eu também me derreti com as histórias alheias e baixei o nariz rapidinho rsss

      Beijãooo torcendo muito por vcs amanhã!

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  4. Poxa, meninas, fico super chateada quando vejo as pessoas enfiando religião goela abaixo em situações como essas, sabe? Não sei qual a necessidade disso, sinceramente. Mas que bom que, apesar dos momentos chatos, vocês conseguiram tirar algo de legal dessa reunião! Senti até um calafrio quando li a parte do casal que teve a filha tirada pelo juiz... Nunca vou conseguir compreender o que leva alguém a tirar uma criança de um lar saudável e feliz e mandá-la de volta para um orfanato e tentar obrigar a família biológica a aceitá-la! É muita falta de noção...

    Beijinhos!

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    1. Pois é, pra mim também não faz sentido algum!! E o sofrimento deles é muito grande...

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  5. Heheheh me diverti horrores lendo seu post, Vivian! Em Curitiba os cursos acontecem todo mês, no meu grupo não tinha nenhum casal homossexual, mas tinha um rapaz que estava se candidatando sozinho à adoção. Também percebi que essa história de que os casais são muito exigentes é mito que o governo ou a opinião pública cria para jogar a culpa da lentidão dos processos nas costas dos interessados em adotar. No meu grupo só tinha uma pessoa que queria menina e um outro casal que queria bebê RN. A psicóloga até falou pra ela "boa sorte", pois a espera será longa.
    Teve um casal que contou uma história absurda também. Apesar do CNA, existem comarcas que ainda aceitam que você leve uma cópia do seu processo, depois de habilitados, para se habilitar nessa outra cidade tb. Geralmente municípios pequenos e esquecidos. O casal em questão contou que fez isso em Rio Branco do Sul, município próximo de Curitiba, no ato já se encantaram com duas meninas, assistentes socias facilitando todo o processo, quando de repente não puderam mais levar as crianças para casa sem nenhuma explicação aparente. Na verdade eles descobriram depois que elas não estavam com suas situações definidas, ou seja, ainda não tinham sido destituídas dos pais biológicos. Que irresponsabilidade dessa equipe técnica, meu Deus! Choquei...
    O legal desse curso é que a gente acaba descobrindo que tem muita gente com histórias piores que as nossas e que estão no mesmo barco! No fim faz bem pra alma. Bjos

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